segunda-feira, agosto 29, 2005

Amo-te muito.

O dia começou algo violento – um porradão numa esquina e portas a bater. Será que ela não queria que este dia se repetisse? Será que tem tão pouca vontade de estar comigo que prefere começar o dia a mandar cabeçadas na parede?
Faz hoje dois anos que mandámos os postais. Faz hoje 2 anos que a surpresa de todos iniciava o seu caminho. Faz hoje 2 anos que casámos sem ninguém saber. E ninguém é ninguém mesmo. Marcámos, fomos lá – sem padrinhos nem alianças - e dissemos: sim, de minha livre vontade. Ninguém nos obrigou; nada nos obrigou. Fizemos porque quisemos e hoje voltaríamos a fazê-lo. Mandámos um postal a dizer que já tinha sido – ao invés dos tradicionais “vai ser”. E faz amanhã 2 anos que embarcámos para Nova Iorque para uns dias férias numa “lua de mel” às escondidas.
O dia começou algo violento, mas assim que agarrei a minha filha e a deitei “só um bocadinho” comigo na cama tudo se pintou de azul luminoso outra vez. O dia que amanheceu violento teve só um mau princípio. Coisas do acaso.
E para que conste: Amo-te muito. Mais do que há 2 anos. E sou muito feliz contigo e com a filha. E fazia tudo outra vez. E tu também. Talvez não começasses o dia a mandar com a cabeça na parede, mas tudo o resto sei que fazias.

sexta-feira, agosto 26, 2005

A propósito

A propósito do post anterior e do tema que muita tinta e tempo tem ocupado nos media e até na própria blogosfera, chamo a atenção para uma série de artigos do DN de hoje. Ou a PJ faz parte da panelinha ou os aviões incendiários são muito bons e ninguém os vê.

terça-feira, agosto 23, 2005

O e-mail

Recebi há pouco tempo um e-mail cujo subject rezava: estamos todos cegos???? (assim com vários pontos de interrogação e tudo). Achando que a minha visão é 20/20 não me aguentei e abri.
Fala então o dito mail de fogos e do negócio que os fogos são. A abrir:
A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada”. E assina: José Gomes Ferreira, SIC - Subdirector de Informação.
O texto diz que afinal isto tudo são manigâncias do governo, que alguém deve andar a receber por fora à conta dos alugueres de aviões que se fazem aos concessionários privados, que existe um plano para de forma “quasi” subliminar, tirar as vistas do inferno dos olhos dos portugueses, fazendo com que as televisões não mostrem o que se passa no país real – ainda que quisessem, o fumo é tanto que nos entra pela casa adentro. Mais: diz o texto que há testemunhos populares de que passaram aeronaves imediatamente antes de um incêndio deflagrar em várias frentes. Diz o texto que se compraram submarinos e não aviões de combate aos incêndios – e aqui, por mais que o texto me cheire a X-Files meets Twilight Zone meets Conspiracy Theory, falta-me a argumentação.
Mas há mais. Há a história da madeira usada pelas celuloses que não perde muita qualidade após o fogo – mas que madeira é que fica após o fogo? – das áreas de reserva de caça que não querem pagar licenças e se vingam ateando fogos, dos agricultores que querem rebentos de vegetação tenrinhos e viçosos nas primeiras chuvas. Por fim, incita-se o governo a assumir as suas responsabilidades – será que são do governo as principais responsabilidades? – proibindo, distribuindo pessoas, policiando, aumentando a moldura penal e não sei que mais.
Resume o autor que daqui a 20 anos a nossa paisagem será a de Marrocos nos seus desertos mais áridos.

E digo eu: não será isto conspiração a mais? Ou eu sou realmente muito ingénuo ou custa-me muito a acreditar que os Srs. que estão no governo se estejam literalmente a borrifar para as matas e para os incêndios. Caraças.. não acredito que um ministro – e neste caso seja ele qual for, de que partido ou inclinação política, sexual ou outras – consiga estar sentadinho no seu gabinete enquanto o país arde, passeando no seu BMW do ministério até ao restaurante da moda ouvindo na TSF que morreram mais 4 bombeiros e vá comer como se nada fosse. Não acredito. Se calhar eu é que sou uma grande besta e tudo isto é verdade. Se calhar.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Este [ai-dia] à nossa volta

Os judeus acabaram de expulsar os outros judeus que os primeiros mandaram instalar (não faz sentido pois não?); em Bagdad continua a morrer gente (e vai continuar); os fogos continuam a arder (e a cortar estradas e a obrigar pessoas a fugir e a matar tudo à sua volta); o Carmona continua à bofatada com o Carrilho (porque o importante é dizer se há cargos para a troca em vez de projectos para Lisboa); as Câmaras continuam a fazer tudo na recta final antes das eleições (supresos? não me parece); a desnutrição aumenta em África (...); o Liverpool quer comprar o Fernando Meira (vai meira ); o Sporting prepara-se para (mais uma vez) não ir à Liga dos Campeões (mais uma vez); os Bauhaus vão em digressão (quem sabe ainda vêm fazer campanha pelos nossos candidatos presidenciais) e Kelly Brook eleita celebridade do ano com melhor peito verdadeiro (o que é isto pá?).

Acabou a magia do silêncio

Quando em Abril último o homem apareceu sem dizer uma palavra e comunicando única e exclusivamente através de desenhos e do tocar piano, fez-se luz. Fez-se luz e muito barulho por tanto silêncio. Que era misterioso, fascinante, que tocava Tchaikovski como ninguém, que desenhava de forma habilidosa e que o seu muro de silêncio era isto, aquilo e não sei que mais. Agora que o homem resolveu falar, deram-lhe alta do hospital e já o acusam de encenação. Não faltará muito para passar a ser “aquele maricas alemão que tocava piano”. O silêncio é realmente maravilhoso.

Não é balda, é o síndroma de Otávio Machado

Muito trabalho muito trabalho. Quem diz que Agosto é bom para se estar a trabalhar que me dê o contacto para eu mandar o CV. Quando se anda desde Julho a preparar coisas para Setembro não pára em Agosto com toda a certeza. Eu pelo menos não posso.
Daí a pouca dedicação ao [ai-dia].
Fica a promessa de uma tentativa de resposta ao xavier com as coisas boas que os nossos piralhinhos/as vão poder ter/ver/gozar.
Fica a promessa.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Era para ser sobre o trânsito

Este começou por ser um post banal – sobre como é bom fazer a AE Lisboa cascais em 10 minutos às 10 para as 9 da manhã. Mas isso seria banal, comum, mesquinho. Era depois para ser sobre a provocação de NG no seu último post antes de ir de férias – mas isso seria bater na mesma tecla em que ele bateu. Viro a cabeça para outros assuntos como os atentados em Bagdad, a desocupação da faixa de Gaza pela violência dos ocupantes – mal percebo o sentido disto quanto mais escrever sobre...
Olho para outro lado e tenho o Pacheco Pereira a bater no Sócrates por estar de férias enquanto o país arde; ele e a Clara Ferreira Alves. Ali noutra prateleira da informação está à espreita um Luis Delgado já sem protagonismo mas que teima em pôr-se em bicos de pés. Lá mais para cima, bem arrumado numa estante, o sereno Mário Bettencourt Resendes que com humor e inteligência lá vai largando aqui e ali um comentário e uma crítica. E isto tudo sem sair do Diário Digital.
Ai que dias macilentos onde ando às escuras que só se iluminam com o sorriso da pirralhinha ao colo da mãe.
Este país que vai na mesma, não fosse a mesma datar de há muito muito tempo [era eu uma criança].
Começou e acabou. Banal. Ao menos libertei-me desta ideia que andava aqui a rondar desde manhã.

terça-feira, agosto 16, 2005

Sim, é verdade: foi um grande concerto.

Todas as pessoas deviam poder ver este concerto. É que eu já vi muitos, mas nenhum como este.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Out of office

Férias, férias, férias!!!!!

Comigo de férias e o Al Ves a mudar fraldas (eu também vou mudar mas já são tamanho 5), fica o Gaguinho a tomar conta do tasco sozinho. Não se admirem se o governo se tornar popular no [ai-dia] nos próximos tempos...

NG

quinta-feira, agosto 11, 2005

Generation e-gap

Queria convidar os meus pais para jantar. Mas como, se eles não têm e-mail?

NG

Young chicken of the coast

Experimentei a tradução instantânea deste blogue através do google. Uma das frases, num dos posts, era "Young chicken of the coast".

NG

p.s. se não tiverem topado, o post a que me refiro é este.

Lisboa vai deportar 2 portugueses considerados "ameaça" à economia nacional








NG

p.s. post inventado (era bom que fosse verdade, não era?) a partir da notícia "Londres vai deportar 10 estrangeiros considerados "ameaça" à segurança nacional "

Mais valia nem ter chovido

Chuva « serve para ajudar a apagar os fogos» in Portugal Diário (bold meu)

NG

p.s. por falar em água e a propósito da conversa de almoço - isto é para vocês Gaguinho e MB - o Grupo Pestana consegue satisfazer 90% das necessidades de consumo de água da cadeia hoteleira do Algarve através da dessalinização. Informa o Sérgio Figueiredo no Negócios online.

quarta-feira, agosto 10, 2005

E eu que já tinha reservado agenda em 2017

Os autores destes blogues não estão convidados para a inauguração do Aeroporto da OTA:
Abrupto, Bloguítica. Blasfémias , Ciberjus , Von Freud , Grande Loja do Queijo Limiano, [ai-dia], A destreza das dúvidas , crackdown, ContraFactos & Argumentos , ' A Esquina do Rio , Almocreve das Petas, Um prego no sapato, ...bl-g- -x-st-, sorumbático, Portuense, ABnose, Portugal dos Pequeninos, Teoria da Suspiração, A Baixa do Porto, Minha Rica Casinha, Sombra ao Sol, Insustentável, Insustentável Leveza, Virtualidades , Blogdamarta, Adufe, Tela Abstracta, opinar, Abnegado, Cabo Raso, Bateria da Vitória, Foz, Tempo Suspenso, Galo Verde, Navio Negreiro, Entre Pedras, Palavras, Viver Bem na Alta de Lisboa, Faz Tudo, SEDE, Observador Cosmico, Nortadas, Piano, primadesblog, Pura Economia, Impertinencias, Nova Floresta, Acid Junk Food, Prova dos Nove, Quinta do sargaçal, O cacique, Cuidado de Si, My Guide to your Galaxy, Ideias Dispersas, Gatochy's blog, Congeminar, Verão Verde, Forum Comunitário, Ma-Schamba, Ecletico, Miniscente, o careto, iuris, 19 Meses Depois, o caricas, Lendas & Etcetera, A Arte da Fuga, Luminescências.

Nota: transcrição de um comentário anónimo colocado neste blogue.

NG

O que alguns fazem para arranjar bilhetes

terça-feira, agosto 09, 2005

It was twenty years ago today

Não, não tem nada a ver com os Beatles. E daí, talvez tenha. A música é uma parte fantástica da minha vida. Como tu. Que me acompanha há pelo menos 20 anos. Como tu. Que nunca há-de deixar de estar ao meu lado. Como tu.

Sobrinhas há muitas, mas a melhor é minha.

Parabéns Bolinha.

NG

p.s. e se achares este post lamechas e bimbo, "temos pena"

Perguntas

Se Santana Lopes ainda fosse primeiro-ministro e se mantivesse na tranquilidade das suas férias enquanto o país ardia, o que fariam os media? E o Presidente da República? Continuaria de férias? Não diria nada?

Se nesta altura se estivesse a realizar um Campeonato da Europa ou do Mundo de futebol, o Primeiro Ministro continuaria de férias? E o Presidente da República?

NG

segunda-feira, agosto 08, 2005

O casal inviável

9 horas. Um casal, ele alto e moreno, de cabelo cortado à escovinha, ela platinada, com um visual de Barbie em segunda mão, cumprem a primeira das rotinas diárias: o pequeno-almoço. Chegam à copa, cada um com seu saquinho, sentam-se em frente um ao outro, comem cada um a sua sandes e bebem o seu iogurte líquido. Palavras trocadas, poucas ou nenhumas. Caras de quem está mais chateado com a vida do que o Vasco Pulido Valente.
13 horas. Lá vão eles, com saquinhos diferentes, sentam-se em frente um ao outro, comem cada um o seu almoço aquecido no micro-ondas e bebem o seu copinho de água. Palavras trocadas, poucas ou nenhumas. Caras de quem está mais chateado com a vida do que João César das Neves se descobrisse que um dos filhos era ateu.
18 horas. Lá vão eles, com os saquinhos vazios, perfilam-se no hall do elevador, ela entra primeiro, ele depois. Palavras trocadas, poucas ou nenhumas. Caras de quem está mais chateado com a vida do que Lili Caneças se tivesse que trabalhar.

Sempre que os vejo, a mesma pergunta vem-me à cabeça: porque é que insistem?

NG

Não é só em Portugal que os idosos estão na moda

O papel de limpar as mãos.

Estou em pleno processo de mudança, e não tem sido – de todo – uma mudança fácil. Por mais que soubesse que existiam diferenças de um local para outro, nunca pensei que elas fossem tão marcantes. Mas são. A começar pelas pessoas. Não há ninguém que possa ser rotulado com o selo do “mau carácter”. Não há gente parva nem mal educada. Não há um cinzentismo reinante, mas é tudo tão diferente. A forma de abordar o trabalho, de abordar a equipa, de abordar o trabalho de equipa. É uma estrutura muito mais individualista e com menos “espírito de corpo”. Em prol do todo é um bocadinho “cada um por si”. E todas estas mudanças provocam um sentimento de algum desconforto. Sinto-me como se tivesse 190 quilos e me quisesse sentar numa cadeira do Starck para pessoas “elegantes”. Rodo-me para um lado e para o outro à procura de posição e lá vou encontrando o meu espaço. No início, até o papel de limpar as mãos na casa de banho me fazia confusão. Era – e é – mais áspero. Agora, gradualmente, lá vou limpando as mãos com mais à vontade. Acho que me estou a habituar. Ou será que me estou a acomodar?

sábado, agosto 06, 2005

Tipo sensibilidade e bom senso mas ao contrário

Eu sei que sou um grunho que merece ser vergastado, mas quando falam em Hiroshima só me consigo lembrar dos Da Vinci. Sim, os Da Vinci, aqueles que tinham um gajo que tentava imitar o visual do Dave Stewart dos Eurythmics e uma vocalista com nome de personagem do Star Wars (Lei Or, seria?). E há duas canções deles que perduram na minha memória ou melhor dois refrões de canções deles que perduram na minha memória: "HiroCima, meu amo-o-or" e o "Já fui ao BraCIL" (sim, a rapariga cantava "acim").
Este post é completamente estúpido e grotesco, não é? Que é que vocês querem? Tou com um calor do caraças, o Benfica não tá a jogar nada e ainda falta uma semana para ir de férias!

NG

Os politicos são como nós

Aqueles trabalhinhos que não facturamos ou aqueles trabalhinhos que nos fazem sem factura, representam umas poucas centenas de euros. E aqueles CDs e DVDs que compramos na candonga, a um preço espectacular e iguaizinhos aos originais - com capa a cores e tudo - não representam mais do que meia duzia de euros. Nem tão pouco aquela factura do colchão da nossa avó que nós apresentámos como dedução no nosso IRS tem qualquer impacto. Para além de estarmos a falar de uns míseros cêntimos, toda a gente faz. E se toda a gente faz, porque é que nós não podemos fazer?

Os políticos não são produzidos em laboratórios. Antes de o serem, eles nascem e crescem como nós. E tal como nós, também se esquecem das facturas, compram pirataria e aldrabam no IRS. Chegando ao poder, fazem o mesmo. E lá, a justificação é a mesma, só muda a escala: O que são uns míseros milhões de euros no gigantesco orçamento de estado? Porque é que não se há-de fazer aquilo que todos os outros já fizeram?

Os políticos são como nós. Se nós não mudarmos, eles também não mudam.

NG

Massagem

Primeiro os pés, com movimentos circulares nas plantas. Depois as pernas e a barriga. Tudo debaixo de uma luz ténue e com uma música adormecente. As pontas dos dedos chegam aos ombros e deslizam para a cabeça, afagando as fontes.Nessa altura, já estou a ver um céu estrelado. Já de barriga para baixo, novamente os pés e, para finalizar, as costas. E com a massagem nas costas, vejo o céu estrelado outra vez.

Para quem nunca experimentou, acreditem que é obrigatório. Esta teve lugar em Oeiras, num sitio cujo nome incluí um apelido de um famoso actor porno.

NG
p.s. Mil agradecimentos à minha mulher pela prenda.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Por falar em exigência(3)

O ministro das obras públicas já deu resposta sobre a exigência da divulgação dos estudos sobre a OTA. Podem vê-la no Abrupto, mas em síntese, agora não, só em Outubro. Ficamos a saber o que já se supunha:
1. O governo avançou com a proposta sem sustentação objectiva;
2. Até Outubro, hão-de se arranjar análises que comprovem a necessidade vital de se avançar para o novo aeroporto.
Temos o dever (todos, não só quem tem blogues) de, nessa altura, analisar o que for disponibilizado e exigir as explicações necessárias.

Uma última referência para a divulgação (finalmente) da exigência colectiva e contínua da divulgação dos estudos sobre a OTA, que envolveu dezenas de blogues, através do Portugal Diário. Nem uma palavra, até agora, em qualquer outro orgão de imprensa. É realmente curioso como as coisas mudam. Há uns tempos, qualquer comentário, qualquer nota, qualquer EARLY MORNING BLOG publicados no Abrupto , eram de imediato escarrapachados numa capa de jornal. Mas isso era no tempo em que o primeiro-ministro era Santana Lopes. Como se sabe, JPP não tem legimitidade para criticar governantes socialistas. E, pelos vistos, nem ele nem ninguém.

NG

Faz agora um ano; dois, muitos. demais.

Lembro-me que o ano passado sofria todos os dias com as imagens dos incêndios sentado no sofá. Eu sentado e o fogo lá longe, queimando tudo à sua passagem; deixando com a roupa do corpo gente demais. Levando bombeiros ao limite, carros, populações inteiras levadas ao extremo da coragem, aos extremos da vida.
Faz agora um ano; dois muitos. Demais. Desde pequeno que o filme não muda. Os actores mudam no mesmo papel, as chamas mudam de lugar, mas são sempre as mesmas. As populações mudam de local, mas são elas que sofrem sempre. Sempre as mesmas. Faz agora um ano que chorei noite sim noite não ao ver o inferno na televisão. E este ano não vai ser diferente. Um dia destes volto a chorar. Se ao menos as lágrimas servissem para apaziguar este inferno...

Heróis

O país arde, literalmente. Perante a irresponsabilidade geral, que vai desde a das próprias populações atingidas à do(s) governo(s), há quem abdique do seu bem estar, das suas férias, da sua saúde e mesmo, por vezes, da sua vida para ajudar os outros. Sem qualquer interesse material, há quem combata os infernos dos outros como se fossem seus e com inúmeras condicionantes materiais. É gente que não nasceu com jeito para o futebol e que, por isso, não é alvo de homenagens públicas, nem tão pouco é constantemente recebida e elogiada pelos nossos governantes. É gente que simplesmente zela pela nossa segurança, com a devoção que resulta da missão às vezes impossível de ajudar o próximo.
São heróis, verdadeiramente uns heróis. Os bombeiros. Os nossos bombeiros.

NG

Mais um que nem sabe o que é um cheque

Guterres deve regressar à CGD quando deixar ONU in Diário Digital.

NG

p.s. mas se a Angie também vier, até posso concordar

quinta-feira, agosto 04, 2005

Canções Perfeitas (8)

"A gente não lê" do Veloso e do Tê. Foi quando a ouvi ao vivo, no Coliseu, há cerca de duas décadas, que verdadeiramente a agarrei. O Rui cantou com alma as fabulosas linhas do Tê, que, julgo, se inspirou numa avó. Um pequeno excerto: "E do resto entender mal Soletrar assinar em cruz Não ver os vultos furtivos Que nos tramam por trás da luz".
Canção do álbum "Fora de moda", o segundo da carreira dos moços.

NG

Por falar em exigência(2)

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-07).

A ler o post de hoje de JPP (Abrupto) sobre o assunto e este de João Miranda (Blasfémias) sobre o silêncio da imprensa.

NG

She´s alive!

A minha filha começou a andar. Anda com os braços para a frente e com uns passos mecanizados. Tal e qual a criatura do Dr. Frankenstein - mas em lindo, ok?

NG

Jimmy Hagan

Zé, recém chegado à empresa, foi convidado por Luís, o empregado mais antigo, para almoçar. Era uma tradição, sempre respeitada, e que servia, ao mesmo tempo, para integrar os novatos e mostrar a educação dos mais experientes. No almoço, Zé sentiu-se na obrigação de se apresentar e lá foi falando da sua mulher, de casamento recente, do seu filho de meses e respectivas birras. A uma primeira pausa no monólogo, Luís olhou-o nos olhos e agitou a cabeça, num aparente sinal de interesse. Já com a comida no prato, Zé continuou, desta vez falando de viagens, do quanto gostava de Londres, do quanto o tinha desiludido Paris e sempre que olhava para Luís, lá estava ele, olhando-o nos olhos e agitando a cabeça, num aparente sinal de interesse. A meio de uma explicação apaixonada da sua preferência pela cozinha alentejana, Luís interrompeu-o com a seguinte pergunta:
- Olha lá, o que é feito do Jimmy Hagan?
- Jimmy Hagan? Mas quem é o Jimmy Hagan?
- Aquele treinador do Benfica, dos anos 70.
- Sei lá, pá. Já deve ter morrido.
E quanto Zé lhe perguntou se tinha ouvido alguma coisa do que tinha dito durante a última hora, Luís olhou-o nos olhos e agitou a cabeça, num aparente sinal de interesse.

NG

Agora sim, está tudo estragado

Havia quem se queixasse dos súbitos mas frequentes ataques de pieguice. Dos mimos que só quem é ser pai ou mãe percebe. Dos amores e humores, das surpresas, das graças, das gracinhas.
Havia quem tivesse mesmo apelidado o [ai-dia] do Blog Lamechas do Ano. Havia quem tivesse só sonhos e desejos. Mas agora, agora sim, está tudo estragado. Al Vez foi pai e temo que este blog se torne o Blog Lamechas do Mundo.
Parabéns e tudo de bom.

A menina Esmeralda

Às 8 da manhã João chegava. Todos os dias, de todos os meses, de todos os anos. Era uma rotina e como todas as rotinas já não tinha explicação. Mal chegava, ligava o computador e começava a trabalhar. E enquanto trabalhava, tudo o que estava à volta era um cenário, para ele, imutável. Um dia, um colega perguntou-lhe pela menina Esmeralda. "Quem?", perguntou João, enquanto o colega lhe apontava uma rapariga de farda verde, com um pano na mão. "Ela dá umas baldas, inclusive ao chefe" ouviu João do colega sorridente.
A partir daí a rotina alterou-se. Manteve-se a hora de entrada mas o cenário que o circundava passou a ser a menina Esmeralda. Era nova, gira, parecia bem feita - do que se podia adivinhar para além da farda verde - e "dava umas baldas". O momento alto da sua manhã passou a ser quando a menina Esmeralda lhe ia despejar o caixote do lixo. Nesses segundos, João tentava ler um sinal - um toque, um sorriso, um mero bom dia - que indiciasse a "dádiva de uma balda". Nunca aconteceu. Um dia a menina Esmeralda deixou de aparecer, sem aviso prévio, mas a rotina do João nunca mais voltou a ser a mesma. Manteve-se a hora de entrada, mas João olhava sempre em volta procurando uma menina Esmeralda. Uma que lhe "desse uma balda".

NG

Canções Perfeitas VII

Às tantas não era mal pensado fazer aqui uma colunazinha ao lado só para isto. Uma música puxa outra - e para quem como nós gosta de música quase tanto como de respirar - não é díficil um albúm puxar outro.
A 7ª música perfeita vai - seguindo doors - raiders on the storm. Há muitos inícios de músicas, muitas aberturas, acho até que todas as músicas começam pelo princípio, mas assim que me lembre agora, não há início como aquele. Versão longa. Chuva a potes. Tanta chuva que quando entra o teclado já um gajo 'tá encharcado até aos ossos com o King Lizard a passear à nossa volta.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Canções Perfeitas(6)

"Peace frog"+"Blue sunday" dos Doors. A perfeição só é atingida se colarmos as duas, tal como no álbum, aliás. Primeiro, o bom do Jim espeta-nos com sangue, muito sangue, nas fuças: "Blood screams her brain As they chop off her fingers. Blood will be born In the birth of a nation". Mas depois "I found my own true love was on a blue Sunday" e "My girl awaits for me in tender time. My girl is mine, She is the world, She is my girl.".
Sim, sim, o gajo drogava-se. Mas resultava.

Canção do álbum "Morrison Hotel", o do "Roadhouse blues"

NG

Canções Perfeitas(5)

"Meu caro amigo" de Chico Buarque. O meu trecho favorito é este:
"Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão"

Incluída no álbum "Meus caros amigos" de 1976. A primeira vez que ouvi este álbum deveria ter 10/11 anos. Entre os vinis do meu irmão - Black Sabath, Led Zeppelin, Deep Purple e derivados, aos quais só achei graça mais tarde - descobri este da minha cunhada.

NG

Aí está o computador que os estudantes portugueses vão comprar

"Índia lança PC para principiantes por 188 euros" que vai ser comprado pelos estudantes portugueses, com este benefício lançado pelo nosso primeiro: "Famílias poderão deduzir 250 € na compra de computador". E com os 60 euros de diferença, os putos ainda podem comprar o Grand Thef Auto.

NG

Canções Perfeitas IV

A propósito dos beatles, lembrei-me agora de outra canção perfeita. Black Bird. E o mais estranho é a forma como travei conhecimento com a dita. Foi há pouco mais de um ano, aquando da primeira quinta das celebridade. O João Melo dos Fúria do Açucar volta não volta agarrava na viola e começava a cantar:
"Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise.

Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free."
Eu gostava de ouvir e nem sequer sabia de quem era a música. Santa ignorância que teve que ver a quinta das celebridades para descobrir mais uma música perfeita...

Canções Perfeitas III

Lembro-me desta música quando estava numa idade própria aos dramas de amor profundos que se curam em duas semanas, quando mudar o mundo era a única prioridade e antes dos confortos e comodismos tomarem conta de nós, quando só fazia sentido fazer diferente e fazer bem - ainda que o nosso bem fosse muitas vezes "um bem bom". "Imagine". Hoje ainda faz sentido. Se calhar hoje ainda faz mais sentido. "Imagine all the people living life in piece". Imagine.

Canções Perfeitas(2)

"You Can't Always Get What You Want" dos Rolling Stones. A canção favorita do Alex, dos "Amigos de Alex", tocada na cerimónia fúnebre. Foi a primeira vez que a ouvi e só a liguei aos Stones devido à voz engripada do Mick Jagger (eu na altura, basicamente, só conhecia o "Start me up").
Incluí uma lição de vida completamente "grates":
"You can't always get what you want
But if you try sometimes you might find
You get what you need".

Canção do álbum "Let it bleed".

NG

Por falar em exigência

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-07) in Abrupto.

E se quiserem aproveitar SFF para explicar as recentes mudanças na CGD... até porque já se especula sobre uma eventual ligação entre os temas...

NG

A idade da exigência

No Adufe, o Rui pediu ajuda para encontrar um título para este post, do qual transcrevo esta parte:
"Como nota positiva - e nada negligenciável - deixo esta de, quase sem nos apercebermos, estarmos a elevar o padrão de exigência que colocamos à nossa democracia e aos seus representantes. O fim da esperança por um regime melhor acontecerá no dia em que deixarmos de ter um ideal moral e "operacional" com o qual formamos opinião. A perdermos a ingenuidade que isso transpareça na recusa de um novo engano por via de foguetes e fumarolas e não por uma descrença amarga, por uma sobranceria digna dos cínicos paraplégicos.Quase todos os dias aprendo alguma coisa por estas bandas, talvez isso sirva para alguma coisa.".
Sugeri a idade da exigência. Porque temos que exigir seriedade, responsabilidade. Exigir aos políticos, empresários, jornalistas, a todos aqueles cujas funções possam ter importância determinante no nosso futuro. Exigir, acima de tudo, a nós próprios. Para que saibamos criticar. Para que percamos tempo a estudar, a analisar, para fundamentarmos opiniões. Para que não nos cansemos de exigir informação em falta. Para que não nos cansemos de nos indignar com atentados à democracia, por muito banais que já possam ser. Para continuarmos a ter confiança. Em Portugal. Em nós próprios.

NG

terça-feira, agosto 02, 2005

Canções Perfeitas

"Perfect day" do Lou Reed. Canção romântica se não prestarmos real atenção à letra. Se prestarmos não perde a perfeição, talvez até a acentue. Faz parte do album "Transformer" que incluí também o seu mega-super-êxito "Walk on the wild side".

NG

Santini

Se há particularidade do meu ser que me faz receber indignação, espanto, repulsa, raiva, desprezo e pena, é o facto de não gostar de gelados. Pior, de nem sequer gostar de gelados do Santini.

Em homenagem a todos os adeptos do Santini, em particular, à adepta nº 1, a minha mulher, transcrevo parte de um artigo publicado hoje no DN:
"A fama de serem os gelados mais finos do mundo chega devido aos brevetti que a família recebeu. Um brevetto é o melhor e mais sublime atestado de excelência gastronómica que um plebeu pode ter, é dado pelas casas reais quando o produto revela qualidade e pureza."." A comprovar as delícias dos sabores feitos com polpa de fruta e açúcar, sem corantes nem conservantes, estão as filas intermináveis que não desaparecem com o passar dos anos."

NG

segunda-feira, agosto 01, 2005

Ser cronista(2) - Estilo Baptista Bastos

Escreva sempre sobre política e critique duramente todos os políticos e todos os partidos (com o PCP seja um bocadinho mais brando). Escreva com raiva. Se não se sentir verdadeiramente enraivecido, veja o 7-1, se for benfiquista, o 6-3, se for sportinguista, ou qualquer jogo nas Antas/Dragão em que tenha sido assinalado um penalty contra o FCP, se for portista (não vai ser fácil encontrar um, mas a busca prolongada também enraivece).
Escreva um texto sobre política, crítico e enraivecido, sem grandes preocupações semânticas. Por exemplo:
"Esta geração envergonha o país. Não passa de gente mal educada que pensa que, para ser credível, basta mostrar um fato e gravata. E se os criticamos, perturbando-lhes o sono, é ouvi-los queixar. Dá vontade de lhes bater até terem insónias".
Agora vá ao dicionário e procure sinónimos rebuscados de algumas palavras. Neste caso, o texto final ficaria assim:
"Esta geração avilta o país. Não passa de gente mal aparelhada que pensa que, para ser crível, basta galear um fato e gravata. E se os criticamos, perturbando-lhes o sono, é ouvi-los caramunhar. Dá vontade de lhes vuzar até terem pervigílias."
Pronto, agora envie um email para o negócios.pt e já pode fazer as férias do BB.

NG

p.s. a primeira edição do Ser cronista, dedicada a Prado Coelho, está aqui.

Direito à informação (não é demais insistir)

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?
"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-07)

"Mostrando uma qualidade rara na blogosfera que é a persistência e o não deixar cair uma pergunta e um pedido SFF mais que razoável, alguns blogues repetiram e vão repetir enquanto for necessário a mesma pergunta.Será que os senhores ministros (Primeiro, Economia, Obras Públicas) podem ao menos explicar quais as razões porque os estudos, alguns estudos, parte dos estudos, os estudos que foram relevantes para a tomada de decisão, não podem ser divulgados? Partindo do príncipio que existem." in Abrupto

NG

p.s. "It is a capital mistake to theorize before one has data. Insensibly one begins to twist facts to suit theories, instead of theories to suit facts. " by Sir Arthur Conan Doyle. Elementary, my dear Minister!

Portugueses aderem em massa ao capital de risco

"Os portugueses apostaram forte [no euromilhões], quase 44 milhões de euros (...)" in Diário Digital.

NG

A nova obsessão dos portugueses: aeroportos

Acção de despejo?

Insistênca

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”? in Abrupto

Eu não queria recorrer ao direito à indignação antes do direito à informação. Por isso, Sr. Ministro, faça-nos lá esse favor. SFF.

NG