segunda-feira, junho 06, 2005

Ser cronista - Estilo Eduardo Prado Coelho

Escreva sempre na primeira pessoa do plural. "Nós" dá a ideia que nunca estamos sozinhos, mesmo se tivermos uma barriga que nasce logo abaixo do nariz e termina muito perto das canelas. O "nós" dá também mais força aquilo que escrevemos: não sou eu que sou desta opinião, somos "nós", que somos vários, que somos muitos.
Cite muito. Mas não cite, como o Sócrates ou o RAP, aqueles que toda a gente conhece. Cite autores e obras lidas apenas pelo seu autor e por "nós" próprios. De preferência francófonos, tipo: "Je me ne me de la mer ouvrir pishiologie" de Jean-Fran Morteille. Assim, podemos citar de memória ou mesmo inventar citações que nos dêem jeito, sem correr o risco de sermos desmentidos.
Não se iniba de abordar qualquer tema. Aliás, aborde mesmo todos os temas. Se não souber nada sobre determinado tema, compre um livro sobre o mesmo e cite. Mas não se esqueça da regra anterior.
Muito de vez em quando seja atrevido. Ou melhor, atrevidote. Não escreva "vi uma bébé loura, com umas grandes trancas". Escreva antes "ela, louramente luminosa, passava por nós, com passadas largas mas vibrantes".

Fácil, não é? Siga estas regras e depois do verão receberá uma chamada do José Manuel Fernandes.

NG