quarta-feira, maio 11, 2005

O taxista Vasco Pulido Valente

O taxista, no geral (admito que existam excepções), está contra tudo. E estando contra tudo, está contra todos. Porque todos têm culpa de tudo e tudo está mal. A economia, a educação, a saúde, a televisão, os jornais, o teatro, o cinema, o futebol, tudo, mas mesmo tudo, está uma miséria e a culpa é de todos: dos políticos, que são uns corruptos, dos funcionários públicos, que são uns incompetentes, das mulheres, que são umas vacas, dos artistas, que são uns calões, dos outros taxistas, que não respeitam os colegas, dos jovens, que não respeitam os mais velhos, dos próprios velhos, que já cá não andam a fazer nada, dos homossexuais, que são uma aberração, dos imigrantes, que nos vêm tirar o trabalho, dos pombos, que cagam nos carros, dos cães, que cagam no passeio, e de todos os outros também.

Depois de ter lido a entrevista a Vasco Pulido Valente na Visão (sem link), não pude deixar de o imaginar num carro creme, de camisa aberta e braço semi-fora da janela, ouvindo a Renascença e atirando insultos a todos os que lhe cruzavam o caminho. Mas insultos sofisticados e lúcidos.

NG