domingo, julho 02, 2006

Dos fracos não reza a história

A guerra é a maior paixão dos homens. Nada despertou tanta emoção, tantas linhas, tantas imagens. Nos dias de hoje, a guerra deixou de ser clara, tornando-se dificil identificar os lados bom e mau. Para além disso, tornou-se um exercicio tecnológico, uma espécie de guerra à distância, deixando a bravura, ou a cobardia, como características inaplicáveis ao século XXI.

O futebol é uma guerra. À antiga. São exércitos de 11 contra 11, armados apenas com sapatos com pitons, dirigidos por Generais aos gritos, debaixo dos olhos de multidões ululantes. É por isso que o futebol arrasta milhares de milhões. Ninguém perderia anos de vida e muito dinheiro apenas para ver uns belos dribles, uns passes mágicos ou uns golos fantásticos. São batalhas o que queremos ver. São batalhas os jogos de futebol.
Como na guerra, o futebol tem os seus heróis e os seus fracos. Heróis não são apenas os que ganham, são, essencialmente, os que fazem tudo para ganhar. Eusébio é um herói. Foi ele que, quase sozinho, venceu a batalha contra a Coreia do Norte. Foi ele que tentou tudo contra a Inglaterra, debaixo do assalto de Stiles, e se despediu com lágrimas. Maradona foi tanto herói em 86 ganhando, como em 90 perdendo. Em 90 arrastou uma equipa mediocre pelos campos de batalha italianos, defrontando exércitos mais poderosos. Era inumano conseguir ganhar aos alemães. Mas ele tentou, até ao limite das suas forças. E despediu-se dessa batalha como um herói: chorando de raiva.
O Brasil que ontem perdeu com a França não teve heróis. Ronaldinho, o técnicamente melhor jogador do mundo, quando mais o seu exército precisava dele, escondeu-se, fugiu. Na lógica simplista, mas apaixonante, do futebol, Ronaldinho foi um fraco. E dos fracos não reza a história.

NG