quinta-feira, setembro 07, 2006

E contudo, ela move-se!

Francisco Louçã, durante a sua marcha, propôs a redução do horário de trabalho, sem redução de salário, o que, segundo ele, forçaria o patronato a contratar mais trabalhadores, diminuindo, assim, o desemprego. Esta ideia, que nada tem de original – é praticada há muitos anos na função pública -, foi alvo de um post do João Miranda, que mereceu umas dezenas largas de comentários, muito deles com argumentação "pesada" em defesa desta ideia.
Há mesmo quem ache que o seguinte cenário é plausível:

- As empresas reduzem o horário dos actuais trabalhadores, mantendo os seus salários, contratam mais uns quantos, reduzindo substancialmente os seus lucros, e os accionistas não se importam de receber menos dividendos, mantendo o seu capital lá investido;
- Os níveis de lucros mantém-se inalteráveis, porque, quer a produtividade da empresa, quer todos os mercados mantém o comportamento inicial;
- A taxa de inflacção também se mantém, apesar de o consumo aumentar, e não haver reforço da capacidade produtiva (o investimento é substituído por custos com o pessoal adicional contratado);
- Como os lucros se mantém inalteráveis, não há aumentos, nem promoções, mas os trabalhadores não se importam nada com isto, não procurando outros empregos.
Isto seria se a Terra não se movesse.
Mas contudo, ela move-se:
- As empresas reduzem o horário dos actuais trabalhadores, mantendo os seus salários, contratam mais uns quantos, reduzindo substancialmente os seus lucros, e os accionistas vendem as suas acções, procurando investimentos alternativos, mais lucrativos. Entretanto, a cotação das acções daa empresaa reduz-se substancialmente, inviabilizando reforços de capital, e, consequentemente, a capacidade de investimento da empresa;
- Os níveis de lucros baixam com o passar dos anos, dado que as empresas, sem investimento, perdem capacidade de inovar, de crescer, de se tornar mais eficientes, tornando-se menos competitivas, e perdendo receitas;
- A taxa de inflacção aumenta porque o consumo aumentou, e não houve aumento da capacidade produtiva. Como consequência, o rendimento disponível dos trabalhadores diminui;
- Como os lucros se reduzem, no curto prazo não há aumentos, nem promoções, e os trabalhadores mudam de emprego ou reduzem a sua produtividade. No médio-longo prazo, a empresa declara falência.
NG
p.s. o que mais me preocupa, não é a existência de pessoas que vão na conversa do Louçã, é que a minha sobrinha estuda na faculdade onde esse demagogo lecciona. Cuidado, Rita!

1 Comments:

Blogger Gisela said...

pois anda td doido e zé povinho é q paga :\

2:23 da tarde  

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