segunda-feira, janeiro 30, 2006

"Tu viste-me aquilo?"

Esta foi a pergunta que não pararam de me fazer hoje. E não, não se referiam à neve.

NG

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

COLECÇÃO OS CROMOS DE PORTUGAL — CROMO Nº 2

A FARSA AMOROSA DE EDUARDO PRADO COELHO ou O HOMEM COM MEDO DE SI PRÓPRIO — PARTE VII

O sr. Eduardo Prado Coelho é a personalidade preferida da intelectualidade portuguesa. Seja porque esta o tem como envelhecido guru, seja porque é preciso abatê-lo. Por vezes não se fala do sr. Prado Coelho, mas nem assim ele escapa. Cabe sempre como citação, exemplo, referência, ou até só para dar cor à anedota. Ou porque o homem escreveu baboseira, ou porque acertou no que disse, o chato de serviço não nos desaparece de vista, é o chamado "sempre-em-pé" de todas as áreas. Não me parece que ele se sinta mal nesse papel de "incontornável bacoco" e reparem como por vezes usa aquele disfarce de tipo calmo e relaxado de rotunda (também de formato) humildade. Para ir alimentando o élan a espaços até selecciona umas polémicas onde se envolver. É o caso típico do pateta de serviço que não se importa de o ser. Mais! ele quer sê-lo! Pior: nunca deixará de o ser. Assim será lembrado, tenha Deus Nosso Senhor dó de Jacinto seu pai, que se confessava aos amigos como "o pai que não o devia ter sido".
Por mim, não lhe vejo especiais méritos como jornalista e como escritor, é péssimo. Acerta umas poucas, falha outras quantas, como todos os que publicam prosa abundante. Escreve uns artigos quase sempre dispensáveis no Mil Folhas onde repete, ano após ano, a mesma fórmula. Aqui na redacção há quem lhe dedique estima por se apresentar naquele corpo disforme que inspira pena e um sorriso amarelo-coitadinho. Mas se concordamos em enviar-lhe a Periférica é porque esperamos publicidade gratuita — não exactamente opinião.
Sim, é ele, este ser delirante que, em artigos da praxe, repetidamente escancara a céu aberto a sua paroquial altivez e pueril arrogância numa disparidade ausente de factos e presente ignorância da realidade. O Moderno por excelência que, modernizado em fatos beijes e camisas roxas (no pior pano caí a melhor nódoa) apenas deu contributo ao país quando, e vá-se lá saber porquê, em 2004 apareceu de cabelo bem arranjado, conseguiu combinar cores e parecia, ao olhar mais atento, ter perdido algum do cinismo e ganho alguma juventude de espírito e de escrita. Mas ei-lo que volta (e assim se sabe o que fazem os hospitais onde os seguranças são despedidos por causa do Sr. Dr.) de novo à carga. O nosso "bolinha sexual", "pasquim da intriga", "almondega peluda", "alcoviteira da Parede"etc., o nosso Dudu, douto intelectual, continua a sua verborreia diária. Pior do que nunca, bacoco e envelhecido de olhos a piscar, é vê-lo na televisão com os seus famosos gestos de "gay que não é gay mas tem filha gay" e os seus dentes amarelosos de tanto veneno vicioso que lhe subiu, finalmente e em suma, à cabeça.
Com aquele ar de quem pensa: "deixa-me dizer isto para conseguir que o outro pense que estou a dizer aquilo" subestima-se a si próprio e troca-se "em baldroca-se" quando diz que apoiará o candidato do seu partido para duas semanas a seguir se declarar fã de Manuel Alegre. Este, patrão forte da questão da norueguesa trocada pela sueca (ver fotografias de EPC em plena desbunda no link 6, abaixo) é ainda aquele que considera Rita Ferro Rodrigues uma excelente jornalista e Manuel Maria Carrilho um dos grandes filósofos europeus. "Fantástico!", como diria a nossa Bábá Palito.
Pasmem-se alminhas, que o insuportável jornalista de elevada frustração é do maior insucesso na vida afectiva: três casamentos falhados e uma sucessão absolutamente convulsiva de relações anuais com ex-vereadoras, filhas de fazendeiros, elevadas alunas de boas famílias e uma ou outra que nem sabe bem como foi ali parar e acaba por fugir. Imaginemos então o nosso Eduardinho em magníficas refeições na Versalhes com uma mulher esguia, sensualíssima e de uma beleza abismal. Não, não imaginemos. Imaginemos antes uma mulher esquelética de ar engripado, desejosa de lhe fanar a reforma, de tom sonso e terno (qual peluche couté após lavagem a 60º), com as raízes do cabelo pintado de vermelho a descobrirem-se e o nosso Dudu... apaixonadamente melted (ver link 8). Com ar de quem pensa "mas este gajo não se toca?" lá andam elas a fazer tudo para umas viagens ao Marais ou aos quilos de colóquios brasuqueiros. Não temos, meus senhores. Não temos em Portugal outro nº1 da futilididade disfarçada com Deleuze, do mau gosto e do egocentrismo. Não temos em Portugal o director de casting feminino que quanto mais se engana... mais se engana. Dizem os mentirosos que o nosso Almondega foi visto em pleno aniversário da Bica do sapato (ver foto do link 12) com uma mulher elegante, bonita, bem vestida e com ar saudável. Muito me espantaria que, à passagem do nosso Bolinha, tal fêmea esboçasse sequer um sorriso ou olhasse por cima do ombro. Mas qual não é o meu espanto quando, no aniversário do LUX (e espero paga da Pub. por parte do amissíssimo Manuel), observo o dito cujo "Meio Metro do Engate" (a meu ver, o seu mais feliz petit nom) acompanhado pela fadista Mísia (Mísiano! Mísiano!). Pois é, senhores, o nosso Dudu respira o mesmo ar que nós, come do mesmo que nós mas não tenta sequer disfarçar a farsa que é. Um autêntico anjo barroco de gravatinha com mais anjinhos e uma dose de enjoo e vaidosice pegajosa e lustrosa. E atenção que pode pegar-se (veja-se um outro cromo como Joaquim Letria ou Luis Delgado, Bibá Pita ou José Castelo-Branco).
Diariamente, o nosso Eduardinho volta a doar às massas mais uma das suas brilhantes elucrubações sobre a rasteira actividade do povaréu. Segundo o douto intelectual (e aqui todos tossem com receio que se ouça mais longe) tudo volta a confluir no sentido de validar a mãe de todas as teses, que é sua desde tempos imemoráveis: "os outros que não eu, quando não são estúpidos, são ignorantes; quando não são ignorantes, são estúpidos" e ainda em pensamento: "se não concordam comigo ponho-os a milhas, se concordam pertencem à minha rede social". E é nessa rede infecciosa e sonsa que o nosso Douto se rasteja em busca de mais um dvd (ver link 7 em que Eduardinho esbraceja por uns sapatos de salto alto). "O debiloide da substituição" que fez Manuel Alegre corar de vergonha e levar as mãos à cabeça quando escreveu mais uma das suas colunas diárias, continuará ainda entre nós, por mais tempo, esperemos. Esta espécie de Tavares Rico dos intelectuais, convidado para dar nome à coordenação de um projecto onde adormece nas reuniões, solicitado para ir falar sobre o Deus dos Pequenos Sexos na Baixa da Banheira ou permanentemente a ser gozado nos seus directos da Sic notícias onde nada diz sobre nada, falando um poucochinho de tudo, opina mas nunca é frontal. Atira abaixo mas desdiz-se na coluna seguinte. Nunca se compromete, é o cobarde neutral e calculista desfazado da realidade que andou anos a ler Freud e nunca percebeu que das mentiras que diz, a maior, é ele próprio. Ai os complexos Bolinha, ai os complexos!. É essa coisa mal resolvida que faz com que, apesar de seres miseravelmente insuportável e cínico, mal ou bem, te consideramos património nacional, donde (ah que beleza), quiça, mesmo da humanidade. O nosso Eduardinho, passemos a este tratamento mais carinhoso e intimista, chegou à conclusão, por exemplo, de que o povo ("essa abstracta massa uniforme") ora liga peva à música clássica (leia-se "erudita"), ora quando se predispõe a fazê-lo, escolhe sempre os piores motivos, momentos e sítios e — atenção — "sempre sob registo epilético".
Ah EPCzinho, como tu me lembras o chefe Dilbert, para quem aquilo que não compreende é sempre o mais fácil de não concordar, catalogar e despachar.
Mas, e como ser assim, cronista à la EPC?
Escreva sempre na primeira pessoa do plural. "Nós" dá a ideia que nunca estamos sozinhos, mesmo se tivermos uma barriga que nasce logo abaixo do nariz e termina muito perto das canelas. O "nós" dá também mais força aquilo que escrevemos: não sou eu que sou desta opinião, somos "nós", que somos vários, que somos muitos.
Cite muito. Mas não cite, como o Sócrates ou o RAP, aqueles que toda a gente conhece. Cite autores e obras lidas apenas pelo seu autor e por "nós" próprios. De preferência francófonos, tipo: "Je me ne me de la mer ouvrir pishiologie" de Jean-Fran Morteille. Assim, podemos citar de memória ou mesmo inventar citações que nos dêem jeito, sem correr o risco de sermos desmentidos.
Não se iniba de abordar qualquer tema. Aliás, aborde mesmo todos os temas. Se não souber nada sobre determinado tema, compre um livro sobre o mesmo e cite. Mas não se esqueça da regra anterior.
Muito de vez em quando seja atrevido. Ou melhor, atrevidote e mundano. Não escreva "vi uma mulher loura, com umas grandes tranças". Escreva antes "ela, louramente luminosa, passava por nós, com passadas largas mas vibrantes". E nunca se lembre do seguinte: "o rídiculo mata mas a mim não me mata porque eu não quero e sou capaz de amuar se alguém disser o contrário".
O nosso Eduardinho é aquele que escreve crónicas a fazer analogias entre o José Mourinho e a irmã Lúcia, aquele que se indigna quando alguém opina que a "classe" de intelectuais em Portugal praticamente não existe.
São pérolas diárias, o que nos dá o nosso Eduardinho... mas está zangado. Está zangado com a comunicação social. A justificação para a sua incomodidade encontra-a na falta de destaque nos jornais, rádios e televisão para as propostas que o senhor Manuel Maria Carrilho diz ter para a cidade de Lisboa, atentos que estavam aos “aspectos mais fúteis da nossa política” exibidos no ridículo video familiar que abrilhantou a apresentação da candidatura do senhor Manuel Maria à câmara capital.
Sucede que Eduardinho Prado Coelho anda certamente desatento e não terá percebido que o senhor Carrilho se deslocou há muito, de armas e bagagens, para a chamada imprensa cor-de-rosa, alimentando-a com a partilha das suas adoráveis familiaridades, dos seus prazenteiros dias, dos seus ternurentos passeios, alimentando-se da estimável tiragem destas revistinhas e da sua recomendável audiência. O senhor Carrilho, optou claramente pelo estilo ligeiro (no seu entender moderníssimo) da frivolidade, da partilha do palco com os “famosos” - no limite, ser um deles.
Acontece que este é um caminho que se trilha com a suposta noção dos riscos que acarreta. Um deles é ser progressivamente incorporado no burlesco que vai criando. É por isso natural que o lançamento de uma candidatura apoiada pela patusca apresentação de um filme “intimista” com recurso à exibição provinciana e pobrezinha de cenas caseiras, seja vista como a continuação do vaudeville que o senhor Carrilho tem vindo a representar.
Um outro risco da estratégia que escolheu conhecê-lo-á quando perceber que escancarar as portas da sua intimidade às câmaras cor-de-rosa cria um hábito, as mesmas câmaras trata-lo-ão por “tu”, quererão continuar a partilhar a sua convivência mesmo quando tal não fôr já "conveniente".
Entretanto, a insuportável feira de vaidades que criou implica o esvaziamento das suas propostas o que é lamentável.
Quem tenha um projecto sério, credível, deve concentrar na sua explicação e destaque toda a atenção. Quem acredite na força do seu projecto deve apostar tudo na sua promoção.
Tem razão Eduardo Prado Coelho para estar zangado, não com a comunicação social, mas com o candidato que representaria a mais forte alternativa da esquerda para a câmara lisboeta. Tem razão Eduardo Prado Coelho para estar zangado: o ridículo mata! E EPC vai sendo, também ele, progressivamente enrolado no burlesco por ele criado e nasce, a cada dia, cego, cada vez mais cego.
De resto, e em boa verdade, o nosso Eduardo não se desviou um milímetro da velha síndrome da «barata tonta». De tempos a tempos faz questão de revelar a confusão e o desarranjo que habitam as suas meninges, revelação, aliás, entremeada pela sua habitual postura de Hiperíon entre sátiros. Ao fim destes anos, o nosso Eduardo continua a apanhar papéis face a uma série de fenómenos que deixaram há muito de ser inéditos: a democratização dos gostos; a liberdade individual de escolha (de escolher, por exemplo, uma via diferente da preconizada por ele); a massificação e a hiper-produção literárias; o culto do livro, como objecto de consumo; a perda da influência doutoral e «doutrinária» de uma certa intelligentsia. E por aí fora.
O nosso Eduardo queria viver num mundo diferente. Um mundo previsível, certinho, planificado, arrumadinho, compartimentado. Um mundo em que os comportamentos, gostos e tiques do povo permanecessem cristalizados (leia-se «toscos»), à parte dos de um restrito grupo de luminárias que, da capital, defendesse «o que deve ser» e planificasse «como deve ser». Um mundo que não permitisse qualquer tipo de intrusão entre o «popular» e o «erudito», entre o «consumismo» e a «cultura», entre o «povo» e as «elites». Um mundo acompanhado de perto por uma elite que ditasse os critérios, supervisionasse os desvios e escolhesse quem, como e quando. Um mundo onde a ilusão suplantasse a verdade, para sua felicidade. O nosso Eduardo está nitidamente incomodado. O tempo e os modos escapam-se-lhe da mão. Atentemos ao seu declínio:

— O senhor viu o que diz hoje o pobre Eduardo Prado Coelho sobre o boato de que tinha morrido?
— Vi, Groucho. Uma infelicidade. Imagino o susto...
— Susto?! como assim?! Ele sabia que estava vivo. E não é coisa nova. Sei de vários casos. Ainda há uns anos o poeta brasileiro Sebastião Uchoa Leite leu num jornal a notícia de que tinha morrido. Escreveu para lá, até com graça, dizendo que ainda não, que ainda não. Morreu entretanto, Deus lhe fale na alma. Não é o caso do seu cronista, que parece ter ido a tempo de evitar que a notícia se imprimisse.
— Sim, ele diz isso, que correu a telefonar, esclarecendo. Parece que conseguiu ser ele a imprimi-la, e comentada, uma espécie de edição critica da notícia da própria morte. Mas note, Groucho, que EPC, sempre fascinado com o mundo dos media, distingue a morte biológica da morte mediática. Que uma não tem que ver com a outra, e é bem certo. Donde, a morte mediática poder anteceder a morte biológica; donde a morte biológica não causar morte mediática (o caso de todos nós); donde a morte mediática não causar a morte biológica... nunca se admirou com a notícia da morte de alguém que supunha morto há muito?
— Muitas vezes, senhor.
— A morte mediática sem morte biológica é a única que permite ao morto realizar o desejo de qualquer mortal: assistir ao curso das coisas provocado pela própria morte, comentar a própria morte, dizer o sentido dela, etc. No fundo, continuar vivo para saber o que diriam dele julgando-o morto. É um derradeiro prazer, Groucho, derradeiro, mas prazer.
— Eu diria prazer, mas derradeiro. Aliás, nem uma coisa nem outra, porque se bem entendo, a haver especificidade da morte mediática, é mais inexorável do que a biológica, e mais perversa: não se noticia que alguém morreu mediaticamente. Sobreviver à própria morte mediática não deve ser nada agradável: imagino que seja mais ou menos como assistir antecipadamente à outra morte, a biológica, inexorável, sem prazer, e sozinho...
— Ora aí tem! Aí tem o susto, meu caro!

A crónica de Eduardo Prado Coelho é a mais consistente fonte de irritação do cronismo nacional. Irritação bem entendido no sentido clássico da estimulação dos sentidos, na medida em que nos dá matéria diária para reflexão difusa, mas também irritação no sentido comum já que EPC cultiva o gosto e a eficácia de ser irritantemente ignorante, patético, autista e cínico.
O formato diário leva-o a cair, sempre com elevação erudita, na conversa de croissant e leitaria, ou na eventual questão de chá, com scones, numa rotina a que, sem perder de vista que ali há gato, nos habituamos com gosto, sempre prontos para nos ser arremessado algum livro à cabeça ou a sermos postos perante evidências de gravatas ou inesperadas verticalidades que não admitem reparo.
Cada homem é um horizonte, e a cada um os seus horizontes. O fio do horizonte estende-se como se sabe desde 10 anos no futuro à nossa frente até exactamente há dez anos atrás, local remoto em que EPC, que ainda agora anda a experimentar as titilações dos piercings e das tatuagens, descobriu recentemente o ipod e os DVDs. Pode ser que dentro de mais cinco anos nos revele em primeira mão a Playstation e o Teken 5.
Pelo meio destes sinais de fumo quando deparamos com não uma mas duas afirmações concretas, como na crónica do outro dia em que nos diz preto no branco que a cultura vai mudar e fala de um novo modelo de mecenato, podemos lançar um foguete porque é certo que vai haver festa na aldeia da cultura a que EPC preside na função de proto-ministro em garantida sincronização com o governo, que como é hábito anda dez anos atrasado e deve estar portanto a preparar alguma legislação de carácter mais urgente.
Qualquer novidade será bem vinda numa altura em que o edificio da cultura, que é, convém lembrar, uma herança do PS de Guterres -obra de Carrilho, Rui Nery, do atempadamente desaparecido Ribeiro da Fonte e mais uma estrita nomenclatura que essencialmente, tirando aquela fatalidade, nunca saiu de funções e onde se inclui obviamente EPC- a que um PSD de baixo perfil no sector se limitou a acentuar os vícios ideológicos, se encontra podre de uma podridão estrutural que não se resolve sem um novo paradigma.
Pena é, e isto não é culpa de EPC mas da falta de outros horizontes, que a única vez que se fale disso venham à baila verticalidades, atlânticos e outros nevoeiros que ocupam o pouco espaço disponivel para a discussão de qualquer ideia concreta, ipods, DVDs e outros acessórios que nos diver??? das questões essenciais.
Ficamos a aguardar mais sinais no horizonte, e queremos ver de que forma e por que meios vai ser evitado o debate ideológico acerca do mecenato.
Vejamos ainda para terminar que numa passada quinta-feira, em particular momento, passo a citar, «de bom senso e responsabilidade», Eduardo Prado Coelho concretizou «um fellatio a Sócrates». Em sentido político e poético, naturalmente. Nada de especial: o prestimoso professor e estimulante cronista faz, qual Ehrich 'Harry' Houdini, autofellatio público cinco vezes por semana, nos almoços da Gôndola, na tasca da sua rua, nos intervalos das peças de teatro, etc. O que, bem vistas as coisas, é muito mais difícil. Ali, meus caros, temos a vida toda de EPC, desde a sexual à visão dos pacotes de açucar.
E a sublimação é esta: Manuel Maria Carrilho teve uma derrota de mão cheia no domingo. De que fala na segunda-feira Eduardo Prado Coelho na sua crónica no Público? ... de Sandokan. E porque não o enviam de volta para Paris (sim, mesmo que seja para um lar de luxo)? E porque não lhe dão um cargo no meio de setenta mulheres de saias curtas para que EPC possa babar-se, semioticamente e à la Blanchot, sem aborrecer o povaréu, as pobres alunas que sonham vomitar-lhe em cima, e nós, comuns mortais?
Podemos ainda ver o regozijo da ILGA que, no seu site, aplaude EPC por ter revelado a sua homossexualidade (e citamos):

"Em momento de singular importância para os gays da Península Ibérica, quando grandes mudanças acontecem nas nossas vidas, mais uma figura de destaque da vida portuguesa alia-se à nossa luta. O conceituado colunista Eduardo Prado Coelho, na sua coluna dária no jornal Público, de 31 de Janeiro, comenta o mau gosto dos boatos que envolvem a homossexualidade do líder do Partido Socialista, o nosso companheiro José Sócrates, e critica os que transformaram tal facto em arma de campanha. De forma suave, elegante (ok! ok! era a brincar) e, principalmente, corajosa, Eduardo Prado Coelho, fala, com evidente conhecimento de causa, de dois endereços muito caros à nossa comunidade: o Bois de Boulogne, em Paris, e a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Só quem já frequentou estes sítios, sabe de todo o simbolismo que acarretam para a vida dos homossexuais. Felicitemos mais este companheiro de luta que, corajosamente, assume a sua sexualidade e "sai do armário".

Mas... ele não é gay! Nada gay. Epc casa e descasa e entretanto vai apalpando umas meninas que no mês a seguir ou escrevem para o Público ou editam livros. Quando chega a casa diz à mulher que vai ler mais umas centenas de páginas do Bataille e outras tantas de Lacan e entretem-se a ler os casos clínicos de Freud para se encontrar a ele mesmo e apontar as definições... ao próximo. A seguir, o nosso Eduardinho vai até ao wc verter águas, enxarca a sanita de chichi e vai para a cama auto-fellatiar-se pensando numa ou em sete C. Millets que nunca vai poder tocar. Tudo isto enquanto a mulher ressona gloriosamente por não o ter em cima. Ah Bábá!
E EPC aborda o estilo de todos. "O homem tem estilo", dizia Eduardo Prado Coelho pensando na última vez que atirou a cabeça para dentro do prato na Bica do Sapato (veja-se o link 10a]) e diz bem, que nestas coisas de estilo, o homem é mestre.
Estas andanças do Dr. Prado Coelho não são novidade para ninguém. Sempre que pode e julga que deve (quase nunca pode; mas lá julgar que deve, julga sempre) o Dr. Prado Coelho faz questão de se intrometer e agraciar-nos com a sua douta sapiência. Pois será esse, para ele, o papel do verdadeiro intelectual. Ora, do que o Dr. Prado Coelho não se lembra, ou faz questão de esquecer, é que à conta da douta sapiência de variadíssimos intelectuais ao longo do tempo, se cometeram as mais horríficas tragédias e atropelamentos sobre o indivíduo. Mas o Dr. Prado Coelho, nunca. A sua opinião é excelsa. E nós dizemos, Sr. Dr, faça um favor a si mesmo e retire-se. Pense na vergonha que seu falecido pai sentirá no além ao ver o filho neste estado de Alzheimer Psicológico Agravado.
Este é um daqueles portugueses que são capazes do melhor e do pior. No pior, contudo, este é sem dúvida o melhor.

12:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

COLECÇÃO OS CROMOS DE PORTUGAL — CROMO Nº 2

A FARSA AMOROSA DE EDUARDO PRADO COELHO ou O HOMEM COM MEDO DE SI PRÓPRIO — PARTE VII

O sr. Eduardo Prado Coelho é a personalidade preferida da intelectualidade portuguesa. Seja porque esta o tem como envelhecido guru, seja porque é preciso abatê-lo. Por vezes não se fala do sr. Prado Coelho, mas nem assim ele escapa. Cabe sempre como citação, exemplo, referência, ou até só para dar cor à anedota. Ou porque o homem escreveu baboseira, ou porque acertou no que disse, o chato de serviço não nos desaparece de vista, é o chamado "sempre-em-pé" de todas as áreas. Não me parece que ele se sinta mal nesse papel de "incontornável bacoco" e reparem como por vezes usa aquele disfarce de tipo calmo e relaxado de rotunda (também de formato) humildade. Para ir alimentando o élan a espaços até selecciona umas polémicas onde se envolver. É o caso típico do pateta de serviço que não se importa de o ser. Mais! ele quer sê-lo! Pior: nunca deixará de o ser. Assim será lembrado, tenha Deus Nosso Senhor dó de Jacinto seu pai, que se confessava aos amigos como "o pai que não o devia ter sido".
Por mim, não lhe vejo especiais méritos como jornalista e como escritor, é péssimo. Acerta umas poucas, falha outras quantas, como todos os que publicam prosa abundante. Escreve uns artigos quase sempre dispensáveis no Mil Folhas onde repete, ano após ano, a mesma fórmula. Aqui na redacção há quem lhe dedique estima por se apresentar naquele corpo disforme que inspira pena e um sorriso amarelo-coitadinho. Mas se concordamos em enviar-lhe a Periférica é porque esperamos publicidade gratuita — não exactamente opinião.
Sim, é ele, este ser delirante que, em artigos da praxe, repetidamente escancara a céu aberto a sua paroquial altivez e pueril arrogância numa disparidade ausente de factos e presente ignorância da realidade. O Moderno por excelência que, modernizado em fatos beijes e camisas roxas (no pior pano caí a melhor nódoa) apenas deu contributo ao país quando, e vá-se lá saber porquê, em 2004 apareceu de cabelo bem arranjado, conseguiu combinar cores e parecia, ao olhar mais atento, ter perdido algum do cinismo e ganho alguma juventude de espírito e de escrita. Mas ei-lo que volta (e assim se sabe o que fazem os hospitais onde os seguranças são despedidos por causa do Sr. Dr.) de novo à carga. O nosso "bolinha sexual", "pasquim da intriga", "almondega peluda", "alcoviteira da Parede"etc., o nosso Dudu, douto intelectual, continua a sua verborreia diária. Pior do que nunca, bacoco e envelhecido de olhos a piscar, é vê-lo na televisão com os seus famosos gestos de "gay que não é gay mas tem filha gay" e os seus dentes amarelosos de tanto veneno vicioso que lhe subiu, finalmente e em suma, à cabeça.
Com aquele ar de quem pensa: "deixa-me dizer isto para conseguir que o outro pense que estou a dizer aquilo" subestima-se a si próprio e troca-se "em baldroca-se" quando diz que apoiará o candidato do seu partido para duas semanas a seguir se declarar fã de Manuel Alegre. Este, patrão forte da questão da norueguesa trocada pela sueca (ver fotografias de EPC em plena desbunda no link 6, abaixo) é ainda aquele que considera Rita Ferro Rodrigues uma excelente jornalista e Manuel Maria Carrilho um dos grandes filósofos europeus. "Fantástico!", como diria a nossa Bábá Palito.
Pasmem-se alminhas, que o insuportável jornalista de elevada frustração é do maior insucesso na vida afectiva: três casamentos falhados e uma sucessão absolutamente convulsiva de relações anuais com ex-vereadoras, filhas de fazendeiros, elevadas alunas de boas famílias e uma ou outra que nem sabe bem como foi ali parar e acaba por fugir. Imaginemos então o nosso Eduardinho em magníficas refeições na Versalhes com uma mulher esguia, sensualíssima e de uma beleza abismal. Não, não imaginemos. Imaginemos antes uma mulher esquelética de ar engripado, desejosa de lhe fanar a reforma, de tom sonso e terno (qual peluche couté após lavagem a 60º), com as raízes do cabelo pintado de vermelho a descobrirem-se e o nosso Dudu... apaixonadamente melted (ver link 8). Com ar de quem pensa "mas este gajo não se toca?" lá andam elas a fazer tudo para umas viagens ao Marais ou aos quilos de colóquios brasuqueiros. Não temos, meus senhores. Não temos em Portugal outro nº1 da futilididade disfarçada com Deleuze, do mau gosto e do egocentrismo. Não temos em Portugal o director de casting feminino que quanto mais se engana... mais se engana. Dizem os mentirosos que o nosso Almondega foi visto em pleno aniversário da Bica do sapato (ver foto do link 12) com uma mulher elegante, bonita, bem vestida e com ar saudável. Muito me espantaria que, à passagem do nosso Bolinha, tal fêmea esboçasse sequer um sorriso ou olhasse por cima do ombro. Mas qual não é o meu espanto quando, no aniversário do LUX (e espero paga da Pub. por parte do amissíssimo Manuel), observo o dito cujo "Meio Metro do Engate" (a meu ver, o seu mais feliz petit nom) acompanhado pela fadista Mísia (Mísiano! Mísiano!). Pois é, senhores, o nosso Dudu respira o mesmo ar que nós, come do mesmo que nós mas não tenta sequer disfarçar a farsa que é. Um autêntico anjo barroco de gravatinha com mais anjinhos e uma dose de enjoo e vaidosice pegajosa e lustrosa. E atenção que pode pegar-se (veja-se um outro cromo como Joaquim Letria ou Luis Delgado, Bibá Pita ou José Castelo-Branco).
Diariamente, o nosso Eduardinho volta a doar às massas mais uma das suas brilhantes elucrubações sobre a rasteira actividade do povaréu. Segundo o douto intelectual (e aqui todos tossem com receio que se ouça mais longe) tudo volta a confluir no sentido de validar a mãe de todas as teses, que é sua desde tempos imemoráveis: "os outros que não eu, quando não são estúpidos, são ignorantes; quando não são ignorantes, são estúpidos" e ainda em pensamento: "se não concordam comigo ponho-os a milhas, se concordam pertencem à minha rede social". E é nessa rede infecciosa e sonsa que o nosso Douto se rasteja em busca de mais um dvd (ver link 7 em que Eduardinho esbraceja por uns sapatos de salto alto). "O debiloide da substituição" que fez Manuel Alegre corar de vergonha e levar as mãos à cabeça quando escreveu mais uma das suas colunas diárias, continuará ainda entre nós, por mais tempo, esperemos. Esta espécie de Tavares Rico dos intelectuais, convidado para dar nome à coordenação de um projecto onde adormece nas reuniões, solicitado para ir falar sobre o Deus dos Pequenos Sexos na Baixa da Banheira ou permanentemente a ser gozado nos seus directos da Sic notícias onde nada diz sobre nada, falando um poucochinho de tudo, opina mas nunca é frontal. Atira abaixo mas desdiz-se na coluna seguinte. Nunca se compromete, é o cobarde neutral e calculista desfazado da realidade que andou anos a ler Freud e nunca percebeu que das mentiras que diz, a maior, é ele próprio. Ai os complexos Bolinha, ai os complexos!. É essa coisa mal resolvida que faz com que, apesar de seres miseravelmente insuportável e cínico, mal ou bem, te consideramos património nacional, donde (ah que beleza), quiça, mesmo da humanidade. O nosso Eduardinho, passemos a este tratamento mais carinhoso e intimista, chegou à conclusão, por exemplo, de que o povo ("essa abstracta massa uniforme") ora liga peva à música clássica (leia-se "erudita"), ora quando se predispõe a fazê-lo, escolhe sempre os piores motivos, momentos e sítios e — atenção — "sempre sob registo epilético".
Ah EPCzinho, como tu me lembras o chefe Dilbert, para quem aquilo que não compreende é sempre o mais fácil de não concordar, catalogar e despachar.
Mas, e como ser assim, cronista à la EPC?
Escreva sempre na primeira pessoa do plural. "Nós" dá a ideia que nunca estamos sozinhos, mesmo se tivermos uma barriga que nasce logo abaixo do nariz e termina muito perto das canelas. O "nós" dá também mais força aquilo que escrevemos: não sou eu que sou desta opinião, somos "nós", que somos vários, que somos muitos.
Cite muito. Mas não cite, como o Sócrates ou o RAP, aqueles que toda a gente conhece. Cite autores e obras lidas apenas pelo seu autor e por "nós" próprios. De preferência francófonos, tipo: "Je me ne me de la mer ouvrir pishiologie" de Jean-Fran Morteille. Assim, podemos citar de memória ou mesmo inventar citações que nos dêem jeito, sem correr o risco de sermos desmentidos.
Não se iniba de abordar qualquer tema. Aliás, aborde mesmo todos os temas. Se não souber nada sobre determinado tema, compre um livro sobre o mesmo e cite. Mas não se esqueça da regra anterior.
Muito de vez em quando seja atrevido. Ou melhor, atrevidote e mundano. Não escreva "vi uma mulher loura, com umas grandes tranças". Escreva antes "ela, louramente luminosa, passava por nós, com passadas largas mas vibrantes". E nunca se lembre do seguinte: "o rídiculo mata mas a mim não me mata porque eu não quero e sou capaz de amuar se alguém disser o contrário".
O nosso Eduardinho é aquele que escreve crónicas a fazer analogias entre o José Mourinho e a irmã Lúcia, aquele que se indigna quando alguém opina que a "classe" de intelectuais em Portugal praticamente não existe.
São pérolas diárias, o que nos dá o nosso Eduardinho... mas está zangado. Está zangado com a comunicação social. A justificação para a sua incomodidade encontra-a na falta de destaque nos jornais, rádios e televisão para as propostas que o senhor Manuel Maria Carrilho diz ter para a cidade de Lisboa, atentos que estavam aos “aspectos mais fúteis da nossa política” exibidos no ridículo video familiar que abrilhantou a apresentação da candidatura do senhor Manuel Maria à câmara capital.
Sucede que Eduardinho Prado Coelho anda certamente desatento e não terá percebido que o senhor Carrilho se deslocou há muito, de armas e bagagens, para a chamada imprensa cor-de-rosa, alimentando-a com a partilha das suas adoráveis familiaridades, dos seus prazenteiros dias, dos seus ternurentos passeios, alimentando-se da estimável tiragem destas revistinhas e da sua recomendável audiência. O senhor Carrilho, optou claramente pelo estilo ligeiro (no seu entender moderníssimo) da frivolidade, da partilha do palco com os “famosos” - no limite, ser um deles.
Acontece que este é um caminho que se trilha com a suposta noção dos riscos que acarreta. Um deles é ser progressivamente incorporado no burlesco que vai criando. É por isso natural que o lançamento de uma candidatura apoiada pela patusca apresentação de um filme “intimista” com recurso à exibição provinciana e pobrezinha de cenas caseiras, seja vista como a continuação do vaudeville que o senhor Carrilho tem vindo a representar.
Um outro risco da estratégia que escolheu conhecê-lo-á quando perceber que escancarar as portas da sua intimidade às câmaras cor-de-rosa cria um hábito, as mesmas câmaras trata-lo-ão por “tu”, quererão continuar a partilhar a sua convivência mesmo quando tal não fôr já "conveniente".
Entretanto, a insuportável feira de vaidades que criou implica o esvaziamento das suas propostas o que é lamentável.
Quem tenha um projecto sério, credível, deve concentrar na sua explicação e destaque toda a atenção. Quem acredite na força do seu projecto deve apostar tudo na sua promoção.
Tem razão Eduardo Prado Coelho para estar zangado, não com a comunicação social, mas com o candidato que representaria a mais forte alternativa da esquerda para a câmara lisboeta. Tem razão Eduardo Prado Coelho para estar zangado: o ridículo mata! E EPC vai sendo, também ele, progressivamente enrolado no burlesco por ele criado e nasce, a cada dia, cego, cada vez mais cego.
De resto, e em boa verdade, o nosso Eduardo não se desviou um milímetro da velha síndrome da «barata tonta». De tempos a tempos faz questão de revelar a confusão e o desarranjo que habitam as suas meninges, revelação, aliás, entremeada pela sua habitual postura de Hiperíon entre sátiros. Ao fim destes anos, o nosso Eduardo continua a apanhar papéis face a uma série de fenómenos que deixaram há muito de ser inéditos: a democratização dos gostos; a liberdade individual de escolha (de escolher, por exemplo, uma via diferente da preconizada por ele); a massificação e a hiper-produção literárias; o culto do livro, como objecto de consumo; a perda da influência doutoral e «doutrinária» de uma certa intelligentsia. E por aí fora.
O nosso Eduardo queria viver num mundo diferente. Um mundo previsível, certinho, planificado, arrumadinho, compartimentado. Um mundo em que os comportamentos, gostos e tiques do povo permanecessem cristalizados (leia-se «toscos»), à parte dos de um restrito grupo de luminárias que, da capital, defendesse «o que deve ser» e planificasse «como deve ser». Um mundo que não permitisse qualquer tipo de intrusão entre o «popular» e o «erudito», entre o «consumismo» e a «cultura», entre o «povo» e as «elites». Um mundo acompanhado de perto por uma elite que ditasse os critérios, supervisionasse os desvios e escolhesse quem, como e quando. Um mundo onde a ilusão suplantasse a verdade, para sua felicidade. O nosso Eduardo está nitidamente incomodado. O tempo e os modos escapam-se-lhe da mão. Atentemos ao seu declínio:

— O senhor viu o que diz hoje o pobre Eduardo Prado Coelho sobre o boato de que tinha morrido?
— Vi, Groucho. Uma infelicidade. Imagino o susto...
— Susto?! como assim?! Ele sabia que estava vivo. E não é coisa nova. Sei de vários casos. Ainda há uns anos o poeta brasileiro Sebastião Uchoa Leite leu num jornal a notícia de que tinha morrido. Escreveu para lá, até com graça, dizendo que ainda não, que ainda não. Morreu entretanto, Deus lhe fale na alma. Não é o caso do seu cronista, que parece ter ido a tempo de evitar que a notícia se imprimisse.
— Sim, ele diz isso, que correu a telefonar, esclarecendo. Parece que conseguiu ser ele a imprimi-la, e comentada, uma espécie de edição critica da notícia da própria morte. Mas note, Groucho, que EPC, sempre fascinado com o mundo dos media, distingue a morte biológica da morte mediática. Que uma não tem que ver com a outra, e é bem certo. Donde, a morte mediática poder anteceder a morte biológica; donde a morte biológica não causar morte mediática (o caso de todos nós); donde a morte mediática não causar a morte biológica... nunca se admirou com a notícia da morte de alguém que supunha morto há muito?
— Muitas vezes, senhor.
— A morte mediática sem morte biológica é a única que permite ao morto realizar o desejo de qualquer mortal: assistir ao curso das coisas provocado pela própria morte, comentar a própria morte, dizer o sentido dela, etc. No fundo, continuar vivo para saber o que diriam dele julgando-o morto. É um derradeiro prazer, Groucho, derradeiro, mas prazer.
— Eu diria prazer, mas derradeiro. Aliás, nem uma coisa nem outra, porque se bem entendo, a haver especificidade da morte mediática, é mais inexorável do que a biológica, e mais perversa: não se noticia que alguém morreu mediaticamente. Sobreviver à própria morte mediática não deve ser nada agradável: imagino que seja mais ou menos como assistir antecipadamente à outra morte, a biológica, inexorável, sem prazer, e sozinho...
— Ora aí tem! Aí tem o susto, meu caro!

A crónica de Eduardo Prado Coelho é a mais consistente fonte de irritação do cronismo nacional. Irritação bem entendido no sentido clássico da estimulação dos sentidos, na medida em que nos dá matéria diária para reflexão difusa, mas também irritação no sentido comum já que EPC cultiva o gosto e a eficácia de ser irritantemente ignorante, patético, autista e cínico.
O formato diário leva-o a cair, sempre com elevação erudita, na conversa de croissant e leitaria, ou na eventual questão de chá, com scones, numa rotina a que, sem perder de vista que ali há gato, nos habituamos com gosto, sempre prontos para nos ser arremessado algum livro à cabeça ou a sermos postos perante evidências de gravatas ou inesperadas verticalidades que não admitem reparo.
Cada homem é um horizonte, e a cada um os seus horizontes. O fio do horizonte estende-se como se sabe desde 10 anos no futuro à nossa frente até exactamente há dez anos atrás, local remoto em que EPC, que ainda agora anda a experimentar as titilações dos piercings e das tatuagens, descobriu recentemente o ipod e os DVDs. Pode ser que dentro de mais cinco anos nos revele em primeira mão a Playstation e o Teken 5.
Pelo meio destes sinais de fumo quando deparamos com não uma mas duas afirmações concretas, como na crónica do outro dia em que nos diz preto no branco que a cultura vai mudar e fala de um novo modelo de mecenato, podemos lançar um foguete porque é certo que vai haver festa na aldeia da cultura a que EPC preside na função de proto-ministro em garantida sincronização com o governo, que como é hábito anda dez anos atrasado e deve estar portanto a preparar alguma legislação de carácter mais urgente.
Qualquer novidade será bem vinda numa altura em que o edificio da cultura, que é, convém lembrar, uma herança do PS de Guterres -obra de Carrilho, Rui Nery, do atempadamente desaparecido Ribeiro da Fonte e mais uma estrita nomenclatura que essencialmente, tirando aquela fatalidade, nunca saiu de funções e onde se inclui obviamente EPC- a que um PSD de baixo perfil no sector se limitou a acentuar os vícios ideológicos, se encontra podre de uma podridão estrutural que não se resolve sem um novo paradigma.
Pena é, e isto não é culpa de EPC mas da falta de outros horizontes, que a única vez que se fale disso venham à baila verticalidades, atlânticos e outros nevoeiros que ocupam o pouco espaço disponivel para a discussão de qualquer ideia concreta, ipods, DVDs e outros acessórios que nos diver??? das questões essenciais.
Ficamos a aguardar mais sinais no horizonte, e queremos ver de que forma e por que meios vai ser evitado o debate ideológico acerca do mecenato.
Vejamos ainda para terminar que numa passada quinta-feira, em particular momento, passo a citar, «de bom senso e responsabilidade», Eduardo Prado Coelho concretizou «um fellatio a Sócrates». Em sentido político e poético, naturalmente. Nada de especial: o prestimoso professor e estimulante cronista faz, qual Ehrich 'Harry' Houdini, autofellatio público cinco vezes por semana, nos almoços da Gôndola, na tasca da sua rua, nos intervalos das peças de teatro, etc. O que, bem vistas as coisas, é muito mais difícil. Ali, meus caros, temos a vida toda de EPC, desde a sexual à visão dos pacotes de açucar.
E a sublimação é esta: Manuel Maria Carrilho teve uma derrota de mão cheia no domingo. De que fala na segunda-feira Eduardo Prado Coelho na sua crónica no Público? ... de Sandokan. E porque não o enviam de volta para Paris (sim, mesmo que seja para um lar de luxo)? E porque não lhe dão um cargo no meio de setenta mulheres de saias curtas para que EPC possa babar-se, semioticamente e à la Blanchot, sem aborrecer o povaréu, as pobres alunas que sonham vomitar-lhe em cima, e nós, comuns mortais?
Podemos ainda ver o regozijo da ILGA que, no seu site, aplaude EPC por ter revelado a sua homossexualidade (e citamos):

"Em momento de singular importância para os gays da Península Ibérica, quando grandes mudanças acontecem nas nossas vidas, mais uma figura de destaque da vida portuguesa alia-se à nossa luta. O conceituado colunista Eduardo Prado Coelho, na sua coluna dária no jornal Público, de 31 de Janeiro, comenta o mau gosto dos boatos que envolvem a homossexualidade do líder do Partido Socialista, o nosso companheiro José Sócrates, e critica os que transformaram tal facto em arma de campanha. De forma suave, elegante (ok! ok! era a brincar) e, principalmente, corajosa, Eduardo Prado Coelho, fala, com evidente conhecimento de causa, de dois endereços muito caros à nossa comunidade: o Bois de Boulogne, em Paris, e a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Só quem já frequentou estes sítios, sabe de todo o simbolismo que acarretam para a vida dos homossexuais. Felicitemos mais este companheiro de luta que, corajosamente, assume a sua sexualidade e "sai do armário".

Mas... ele não é gay! Nada gay. Epc casa e descasa e entretanto vai apalpando umas meninas que no mês a seguir ou escrevem para o Público ou editam livros. Quando chega a casa diz à mulher que vai ler mais umas centenas de páginas do Bataille e outras tantas de Lacan e entretem-se a ler os casos clínicos de Freud para se encontrar a ele mesmo e apontar as definições... ao próximo. A seguir, o nosso Eduardinho vai até ao wc verter águas, enxarca a sanita de chichi e vai para a cama auto-fellatiar-se pensando numa ou em sete C. Millets que nunca vai poder tocar. Tudo isto enquanto a mulher ressona gloriosamente por não o ter em cima. Ah Bábá!
E EPC aborda o estilo de todos. "O homem tem estilo", dizia Eduardo Prado Coelho pensando na última vez que atirou a cabeça para dentro do prato na Bica do Sapato (veja-se o link 10a]) e diz bem, que nestas coisas de estilo, o homem é mestre.
Estas andanças do Dr. Prado Coelho não são novidade para ninguém. Sempre que pode e julga que deve (quase nunca pode; mas lá julgar que deve, julga sempre) o Dr. Prado Coelho faz questão de se intrometer e agraciar-nos com a sua douta sapiência. Pois será esse, para ele, o papel do verdadeiro intelectual. Ora, do que o Dr. Prado Coelho não se lembra, ou faz questão de esquecer, é que à conta da douta sapiência de variadíssimos intelectuais ao longo do tempo, se cometeram as mais horríficas tragédias e atropelamentos sobre o indivíduo. Mas o Dr. Prado Coelho, nunca. A sua opinião é excelsa. E nós dizemos, Sr. Dr, faça um favor a si mesmo e retire-se. Pense na vergonha que seu falecido pai sentirá no além ao ver o filho neste estado de Alzheimer Psicológico Agravado.
Este é um daqueles portugueses que são capazes do melhor e do pior. No pior, contudo, este é sem dúvida o melhor.

12:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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11:28 da tarde  

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