Domingo na praia
Sábado à noite a Joana lembrou-se que domingo podíamos ir à praia com a pirralhinha um bocadinho. E lembrou-se bem. Viver ao pé da praia e não aproveitar dias como o de domingo seria uma grande asneira. Ainda para mais quando a nossa filha adora praia – um campo aberto infindável onde ela pode andar à vontade, cair sem se magoar e claro, comer areia. E domingo lá fomos. Só que a praia não estava bem como nós imaginámos. E como a pirralhinha gosta. Digamos que, depois de 2 semanas pelo Algarve e Alentejo em praias praticamente desertas, as da linha do estoril não são bem a mesma coisa. Muito menos ao domingo. Se aquilo fosse um parque de estacionamento, à entrada estaria um placa a dizer “Completo. Mais que completo. Cheio que nem um ovo. A abarrotar. Get the fuck outta here”. Mas aquilo não é um Parque de Estacionamento. E nãohavia placa. Quando cheguei converti-me: Cristo Senhor! O que é isto? Um monte de gente junta como se fosse um nível do tetris mas jogado por um invisual. Espaços de 30 cm entre toalhas, sem passagem para a zona de areia molhada. Zona essa que, ai meu deus!, onde é que eu fico? Estava toda a gente nas toalhas e toda a gente à beira da água. Estava toda a gente na praia. Estava lá toda a gente eu tive a triste ideia de lá estar também. Acho que a pequenina estranhou um bocadinho – ela estava habituada a andar à vontade com poucas pessoas e pouco movimento. E domingo na praia ela quase não conseguia baixar a cabeça – tanta era a gente que passava de um lado para o outro, que jogava à bola num 3 para 3 em campos de 1 por 1. Putos a correr por entre a multidão, velhos, novos, altos, magros, louros e morenos, louras e morenas, ruivas e carecas, homens e mulheres, brancos pretos e de outras cores. Estava lá toda a gente. Ricos pobres, saudáveis, atletas, agarrados à coca e ao pó, agarrados aos charros e acima de tudo, agarrados uns aos outros. E por causa de tanto agarranço, agarrei na joana, na pequenina e na mochila e fui para casa. Enquanto me lembrar acho que não vou fazer praia aos domingos – pelo menos a um mínimo de 30 quilómetros de casa, mesmo com a praia à vista da janela.
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