A dor do quase
Em 1983, tinha eu 13 anitos, fiquei 7 (sete!) horas no Estádio da Luz à espera da 2ª mão da final da Taça UEFA. Não haviam, na altura, estas modernices de lugares marcados e cadeiras de plástico. Para além disso, havia bilhetes falsos em barda, razão pela qual o Estádio (ainda sem o 3º anel completo) estava completamente cheio, escadas incluídas. Estive as tais 7 horas sentado com o meu rabo teenager no cimento, à rasquinha para mictar - era completamente impossível sair do lugar - mas esperançado na vitória. O Benfica teve um percurso fantástico (que vou citar de memória, peço desculpa por qualquer imprecisão): Bétis e Lokeren, com vitória por 2-1 nos quatro jogos; Zurique 0-0, seguido de goleada na Luz por 4-0; Roma, com talvez a sua melhor equipa de sempre (Falcão, Bruno Conti, Prohaska...), com 2-1 em Itália (dois golos de Filipovic) e 1-1 na Luz e finalmente Craiova, com 0-0 na Luz (apesar da fabulosa exibição de Chalana), mas 1-1 na Roménia. Na final, o Anderlecht de Coeck, Vanderbergh, Vercauteren e Lozano. Na primeira mão, Eriksson inventou, colocando Diamantino e José Luís na frente e perdemos 1-0, apesar da excelente (disse-se) exibição. Por mais incrível que hoje pareça, o jogo não foi transmitido pela RTP (não havia outra estação, ok?).
Na segunda mão, Eriksson não inventa tanto (apesar de trocar Álvaro por Veloso, que vinha de uma lesão e de manter o luvas pretas no banco, preferindo Stromberg). E tudo parecia bem: canto, Humberto de peito para Shéu e este, de olhos fechados (a sério) remata para golo. Ainda se festejava golo, quando Coeck, com o seu pé canhoto, lança Vercauteren, que cruza para o belgo-espanhol Lozano marcar de cabeça (nota: este desgraçado, para além de nunca ter marcado um golo de cabeça na vida - tinha pouco mais de 1,60 - lesionou-se na pré-epoca seguinte e nunca mais jogou!). Nada mais se passou até ao final do jogo e a alegria foi-me roubada. Estivemos quase. E é o quase que custa. Uma eliminação na primeira ronda, por muito humilhante que seja, demora um dia, vá lá, uma semana a passar. Uma final perdida não sei quanto tempo demora. No meu caso, já vai em 22 anos e ainda não passou.
Amigos lagartos: por saber bem o que isso custa, tomem lá o meu abraço de solidariedade.
NG
Na segunda mão, Eriksson não inventa tanto (apesar de trocar Álvaro por Veloso, que vinha de uma lesão e de manter o luvas pretas no banco, preferindo Stromberg). E tudo parecia bem: canto, Humberto de peito para Shéu e este, de olhos fechados (a sério) remata para golo. Ainda se festejava golo, quando Coeck, com o seu pé canhoto, lança Vercauteren, que cruza para o belgo-espanhol Lozano marcar de cabeça (nota: este desgraçado, para além de nunca ter marcado um golo de cabeça na vida - tinha pouco mais de 1,60 - lesionou-se na pré-epoca seguinte e nunca mais jogou!). Nada mais se passou até ao final do jogo e a alegria foi-me roubada. Estivemos quase. E é o quase que custa. Uma eliminação na primeira ronda, por muito humilhante que seja, demora um dia, vá lá, uma semana a passar. Uma final perdida não sei quanto tempo demora. No meu caso, já vai em 22 anos e ainda não passou.
Amigos lagartos: por saber bem o que isso custa, tomem lá o meu abraço de solidariedade.
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