domingo, abril 10, 2005

O grupo de bons amigos (II)

Os políticos nunca aprofundam os assuntos, tanto nas propostas, em especial durante as eleições, como nas decisões. Os jornalistas e os comentadores, também não. Debruçam-se sobre aquilo que chamam de temas políticos: fulano tem ou não aspirações políticas, vai-se ou não candidatar, beltrano esteve bem em determinado debate, etc.

Este acordo de amigos permite que os políticos vivam da aparente bondade das suas propostas - daí que os principais beneficiados sejam, por norma, os socialistas e, mais recentemente, bloquistas. As suas propostas visam sempre a melhoria imediata das condiçoes de vida das pessoas, mas nunca são confrontadas com a sua exequibilidade. Se o fossem, ver-se-ia que a sua aplicação, muitas vezes, acaba por prejudicar mais quem pretende beneficiar.

Por outro lado, quer os jornalistas, quer os comentadores, veêm o seu papel muito simplificado, pouquíssimo exigente do ponto de vista técnico e de investigação, sendo o seu trabalho alimentado com dicas dos seus amigos políticos.

A forma superficial como são tratados os temas políticos, por todos estes actores, beneficia claramente os mais preguiçosos e incompetentes, e faz com que quem entre neste palco com um perfil mais técnico, pareça, desde logo, um inábil, dado que não domina os temas (ou a ausência deles), nem a linguagem.

Mas, pior que tudo, é a completa falta de informação que se dá às pessoas, que continuam, por isso, a votar com base em aparências e em propostas aparentemente bondosas, mas cuja aplicabilidade os autores desconhecem.

NG