terça-feira, abril 26, 2005

A Caminho do Título (II)

Concelho de Mértola: em terra de mouros, só me posso sentir bem. Fim-de-semana calmo, em Minas de São Domingos, outrora terra que vivia para o cobre. É sempre triste ver o vazio do que já não é, um pouco como o Estádio do Algarve, feito para estar cheio, para ter futebol. O Benfica interrompeu-lhe a sina, dando-lhe cor por um dia. No momento da entrada das equipas, penso na ideia de vestir o Estoril com cores brasileiras, eventualmente uma tentativa de transmitir talento através de tecido. Nunca resultou, espero que hoje a lógica continue a vingar.
Os canarinhos querem demonstrar que não estão feitos com o Benfica. Nos primeiros minutos, muitos pontapés nas pernas dos jogadores encarnados e um na bola. Este último deu golo. Ainda estou a insultar o comentador da TV que sugeriu que com Quim na baliza poderia não ter sido golo, quando o primeiro jogador do Estoril é expulso. Os jogadores de campo encostam-se ao seu guarda-redes e começa um festival de tiro. A tradição da entrada de Mantorras cumpre-se, desta vez mais cedo, bem como o entusiasmo correspondente. Passa o intervalo, passa mais tempo, mais tiros, mais bonecos e entra Karadas. Nesta altura, a táctica do Benfica assenta numa equação intraduzível. Os sósias do escrete continuam a bater-se e a bater, até que Luisão coloca a bola onde todos nós a queríamos ver. Excepção à regra, um estorilista decide passar da agressão física para a verbal. Menos um. Já com nove, é ver Mantorras fazer o costume, marcar um golo em período de desespero, activando a festa. Mais três pontos, mais confiança, intensifica-se o cheiro a título. Até para a semana.

NG