terça-feira, maio 23, 2006

Música

Tinha eu 15 anos, mais ano menos ano, e entendi que tinha que decidir o meu futuro. Troquei o presente, e aquilo que poderia ter sido um belo período de irresponsabilidade, pelo futuro, com toda a sua incerteza e complexidade. Embalado pelo "The Wall" dos Pink Floyd, ou melhor, do Roger Waters, cedo me meti num beco sem saída. "Comfortably Numb", assim estava eu, e parecia-me ter apenas a força suficiente para balbuciar a letra dessa canção que ainda hoje sei de cor. Meses mais tarde, lá troquei de álbum, embora mantendo a banda. Na altura, e tenho saudades disso, ouvia música deitado no chão do meu quarto escuro, com auscultadores. Todos os sons, incluíndo os das palavras, pareciam entrar directamente no meu cerebro. E assim ouvi o Dark Side of the Moon. "Breathe" manteve o meu desânimo. "Time" abriu-me os olhos: "And then one day you find, ten years have got behind you, no one told you when to run, you missed the starting gun". And that was it. Nunca mais esperei que me dissessem para correr. Forcei-me a lutar pelas coisas, na vida familiar e na vida profissional. Tornei-me optimista, irritantemente optimista no caso do futebol, eu sei.
Mudei. Um conjunto de sons embutido num bocado de vinil mudou a minha vida.

Moral da história: se gostasse dos Modern Talking estava bem lixado. Ou não.

NG

3 Comments:

Blogger RMB said...

é o que dá ter irmãos mais velhos que deixam esses discos à mão de semear das criancinhas. já eu, passei de Zeca Afonso, Vitorino e Sérgio Godinho para os Pop Star, Hit Parade e afins, com passagem pelos Beatles, Elvis, Pat Boone e outros que tais em 45 r.p.m.
isto se calhar explica muita coisa...

10:27 da manhã  
Blogger Elora said...

Pop star???

8:33 da tarde  
Blogger RMB said...

pop star, sim. e outros. o dinheiro era curto e só nos anos ou no natal é que tinha direito a comprar ou receber um disquito.

12:36 da tarde  

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