segunda-feira, dezembro 19, 2005

Os emails de amor não são ridículos

Primórdios dos anos 90: uma paixão assolapada dava os primeiros passos. A ausência dela, para terras estrangeiras e montanhosas, tornou-se um teste. Diáriamente, mergulhava em papel branco, equipado com uma caneta, escrevinhando o que me ditava o coração. E lá ia colocar esses papéis escrevinhados, embrulhados em envelopes de correio azul, no marco de correio. As respostas vinham, na mesma cadência, e com o mesmo tom aberto, inseguro, próprio de uma paixão que não sabia ainda muito bem para onde caminhar. Hoje, guardadas numa caixa, são risiveis, são ridiculas. Não poderiam ser outra coisa, dada a honestidade crua que nos levou a escrevê-las. E foram, sem dúvida, o primeiro alicerce firme que nos levou até hoje, e nos levará pela vida fora.
Anos mais tarde, outra ausência. Também dela. O papel foi substituído por um ecran de cor igual, a caneta pelo teclado. As mensagens eram curtas, apressadas, passíveis de correcção no minuto seguinte. Permitiam no imediato o esclarecimento de dúvidas e o apaziguamento de ansias. Sem deixar lugar para um bocadinho de insegurança, um leve toque de desespero. Acabando com a necessidade de correr para a caixa de correio e fazendo trocar papel rasgado pela tecla delete. Os emails de amor não têm graça nenhuma. Não são risiveis. Não são ridículos.

NG

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu estava lá e assisti a tudo....

Adoro-te!

Bjs

sof

9:34 da manhã  
Blogger RMB said...

eu não assisti a nada... só ligava à meia noite a perguntar: "'tás acordados? tens coca cola? dá para fazer um jogo?" ainda assim, assisti a outras coisas. tão ridículas como as cartas. e tão carregadas de amor.

10:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Rameiros... mas é taum bom!!!
beijinhos*

7:23 da tarde  
Blogger JC said...

Ah, mas os posts de amor... são outra coisa! ;)

8:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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8:57 da manhã  

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