Paixão pelo futebol
1 de Outubro de 1980: Benfica-Dinamo de Zagreb (sim, que o Almanaque do Benfica não me deixa mentir), o primeiro jogo que vi ao vivo no Estádio da Luz (antigo).
Tinha 10 anos e fiquei fascinado com aquela luz toda, com as cores - o encarnado do Benfica e o azul faíscante do Zagreb - com a entrada das equipas em campo, e com a vénia das papoilas saltitantes.
O Benfica marcou cedo, Néné aos 17 minutos, mas faltava outro golo para descansar as hostes. Ao lado de Néné, jogava um brasileiro pançudo, bom de bola mas mau de raça, de seu nome César. O jogo não lhe estava a correr bem: recebia a bola mas ela fugia, e se a agarrava logo os defesas lhe tiravam. Cedo começaram as assobiadelas, e, de repente, eu era o César: eu tinha aquela camisola com o oito nas costas, eu tinha aquela cara desesperada de quem tenta mas não consegue, eu tinha aqueles ouvidos destinatários do descontentamento da bancada. Depois do intervalo, a cena continuou: "eu" não conseguia fazer uma jogada, um passe, apetecia-me fugir dali para fora. Mas de repente, César viu a bola bem colada no seu pé direito, passou por um na quina direita da área, fez que ia pra dentro mas foi pra fora, voltou pra dentro - e entretanto dois azulados ficaram para trás - e meteu a redondinha lá dentro. E correu, correu, correu, até chegar junto da rede metálica, agarrou no emblema da camisola e beijou-o. E, na bancada, lá estava o puto de 10 anos, com lágrimas nos olhos, que acabava de marcar o "seu" primeiro golo.
E apaixonei-me irremediavelmente e definitivamente por futebol. E pelo Benfica.
NG
Tinha 10 anos e fiquei fascinado com aquela luz toda, com as cores - o encarnado do Benfica e o azul faíscante do Zagreb - com a entrada das equipas em campo, e com a vénia das papoilas saltitantes.
O Benfica marcou cedo, Néné aos 17 minutos, mas faltava outro golo para descansar as hostes. Ao lado de Néné, jogava um brasileiro pançudo, bom de bola mas mau de raça, de seu nome César. O jogo não lhe estava a correr bem: recebia a bola mas ela fugia, e se a agarrava logo os defesas lhe tiravam. Cedo começaram as assobiadelas, e, de repente, eu era o César: eu tinha aquela camisola com o oito nas costas, eu tinha aquela cara desesperada de quem tenta mas não consegue, eu tinha aqueles ouvidos destinatários do descontentamento da bancada. Depois do intervalo, a cena continuou: "eu" não conseguia fazer uma jogada, um passe, apetecia-me fugir dali para fora. Mas de repente, César viu a bola bem colada no seu pé direito, passou por um na quina direita da área, fez que ia pra dentro mas foi pra fora, voltou pra dentro - e entretanto dois azulados ficaram para trás - e meteu a redondinha lá dentro. E correu, correu, correu, até chegar junto da rede metálica, agarrou no emblema da camisola e beijou-o. E, na bancada, lá estava o puto de 10 anos, com lágrimas nos olhos, que acabava de marcar o "seu" primeiro golo.
E apaixonei-me irremediavelmente e definitivamente por futebol. E pelo Benfica.
NG
posted by NG at 12:56 da manhã
4 Comments:
e seja qual for a memória, seja qual for o jogo, seja qual for o resultado, ser do benfica é isto. é sentir, é chorar, é gritar e não desistir. Benfica Sempre.
por isso é que eu sei (e digo muitas vezes e sou chata...)que tu tens de voltar a jogar futebol, ainda que só as vezes e na brincadeira...
bjs
sof
Pois, pois...achas que é fácil jogar à bola agarrando 3 garrafões de água ao mesmo tempo?*
Beijos
*para quem não percebeu esta imagem poderosa, passo a explicar: estou com 15 quilos a mais do que quando era o Beckenbauer do futebol-de-salão
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