segunda-feira, setembro 12, 2005

Autárquicas de Lisboa - análise assumidamente superficial e não sustentada das campanhas (II)

A candidatura de Carrilho tem um grande handicap: o próprio do Carrilho. É o tipo de pessoa em que se vota contra com grande entusiasmo e espírito de missão. É o tipo de candidatura que nos faz votar em qualquer outra. Até numa candidatura de Ana Drago (bom, se calhar estou a exagerar...). O que fez Carrilho para nos fazer esquecer da sua irritante pessoa? Primeiro, inundou-nos de outdoors anunciando estar a preparar um projecto para Lisboa. E tanto anunciou, que a malta já pensava numa Lisboa com a luz de Paris, o andamento cultural de Londres, o romantismo de Veneza,o dinamismo empresarial de Hong-Kong e a segurança de Nova Iorque. Mas afinal, e era de suspeitar, porque Carrilho anunciava o seu plano tendo como pano de fundo Almada, o grande projecto era mais do que corriqueiro: parqueamentos, jardins, blá-blá-blá, idosos, blá-blá-blá-blá. E depois veio a tentativa completamente desastrada da entrada da Bárbara na campanha, para tornar a candidatura menos irritante, cujas críticas mereceram de Carrilho as habituais reacções histéricas. Para finalizar, e piorando ainda mais o cenário, os criativos responsáveis pelos outdoors do Carrilho andam a dar demasiado na coca: o gajo do Photoshop diverte-se a fazer do homem uma cópia do Ken, tal o ar plástico que apresenta. E o pior de tudo é que o homem está sempre a sorrir. E é um sorriso tão forçado e irritante, que me parece que todo o Lisboeta já definiu o seu sentido de voto. Ou melhor, de não voto: não votar em Carrilho. E há quem procure dar a volta à questão: há tempos li que um militante do PS não ia votar no Carrilho. Ia votar... no PS. Só mesmo assim é que Carrilho poderá lá chegar.

NG